Imagem: www.fotosimagens.net |
ODE AO ÍNDIO
No dia 19 de abril,
comemoramos o alegre Dia do Índio. Somente nessa data saudamos os peles-vermelhas,
porque as outras são dedicadas aos caras-pálidas. Durante o resto do ano, os
posseiros invadem as reservas indígenas, roubando e matando homens, mulheres e
crianças. Quando não há chacina, há venda de bebidas e armas de fogo em troca
do ouro e das matas.
Naturalmente que há
de haver um dia consagrado aos índios: existe sempre uma data comemorativa
também para a árvore, a mulher, o negro. Todos os elementos considerados fracos
e oprimidos merecem a marquinha no calendário.
No dia 19 de abril,
vestindo terno e gravata, um juruna desce a rampa do Palácio do Planalto,
acompanhando a comitiva presidencial. Todos soltam muitos foguetes, a TV Globo
comparece ao local, o público aplaude com entusiasmo. Mais tarde tem coquetel
com uísque e salgadinhos. Os deputados fazem solenes discursos, prometem ajudar
as tribos, através da reforma constitucional. Dando entrevista, o chefe pataxó
responde ao repórter: “Se a gente não se
Raoni, a gente se Sting.”
Depois de toda a
festança, as coisas voltam ao normal. Amanhã os jornais anunciam, em letra
miudinha, que os ianomâmis foram destroçados pelos grileiros, conquistadores de
terras.
1 comentários:
Ah, não, Graça. Por que você não me deixou inventar esta? Se a gente não se Raoni, a gente se Sting. Pelamordedues....
Postar um comentário