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Ele
era uma vez o violinista
que
entregava cartas
de
amor troppo dolce.
À
noite o instrumento
tocava
serenata
nas
cordas afinadas
a
breu.
Paganini
o animava
ensinando-lhe
as fusas
sempre
confusas
das
tumbas do cemitério.
Os
cabelos revoltos
sabiam
de notas
e
postais a entregar.
Não
se dobrava
ao
comando do som,
mas
o dominavam
as
pontas dos dedos
e
o compasso do pé.
Amava
a música e os telegramas
enviados
de longe
por
Beethoven ou Bach.
O
correio chegava
e
ele colhia
notícias
dos astros.
Escrevia
bilhetes
miríades
milhares
e
concertava na pauta
longas
partituras
e
breves acordes.
Os
olhos fechados
o
arco flechado
tangiam
mistérios.
“Este
violino – dizia o mago –
é
o meu mister”.
As
cartas voavam
e
paravam o sol
maior
do que as letras
escondidas
nos selos.
Ele
era o artista
às
vezes autista
autor
e leitor das correspondências.
O
em si das cantatas
subia
das folhas:
então
descrevia
tons
miudinhos
das
claves e bemóis.
Muitas
horas compunha
colcheias
inefáveis
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nascidas
de estrelas
ou
das cartas sem resposta.
A
resposta viria
um
dia, algum dia
do
cúpido violino
amigo
e inimigo
melhor.
Cavando
sonetos
nas
cartas roubadas
punha
letra nos motes.
Aí
a melodia
crescia
nas pausas
do
ingrato e divino
violino.
Stradivarius
em sintonia
com
os anjos do céu
mana
até hoje
sobre
as orquestras
o
fel e o mel.
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