FLASH




O ano que passou
é essa menina  (e) terna
na fotografia.
Sapatinhos brancos
vestido de renda
porém  morta
nas sete primaveras.

O ano perdido
tinha cabelos louros
e mãos de seda
(tão pequeninas!)
mas aguardava as cinzas
e a coberta de terra.

O riso de antigamente
teria sido nítido
na realidade
mas amareleceu
com a poeira do tempo.

Dois mil e dezesseis
poderia ser a menina
em pé sobre a cadeira
da foto
mas acabou cedo
pelo roubo dos políticos
e  seus asseclas.

Só resta essa triste imagem
do ano falecido
aos sete anos.

Adeus ano velho
a Deus  ano novo
criança sem futuro
na cova da memória                                                                                                                 Graça Rios


DESEJOS E FANTASIAS, SONHOS E PROJETOS PARA O NOVO ANO

Imagem: sites.google.com
O que desejo para 2017:
Mais respeito entre as pessoas e dos governantes para os cidadãos... mais tolerância... mais igualdade... mais empregos... os políticos fazendo o que deve ser feito para o bem do país... os preconceitos de raça, cor e religião se desfazendo...  todas as religiões se unindo... o ser humano se humanizando... a PAZ reinando em nosso planeta.
(Antônio Silva – Cabeleireiro, antoniosilva5182@gmail.com)
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Trump, na entrada do terreiro de macumba, viu a Mãe Dadá incorporar Boris Yeltsin que veio apoiado em Oxalá, o pai dos homens, que tudo vê, que vê as batalhas.
Rodopiou, soluçou, caiu nos braços de seu logo amigo Donald; pediu uma garrafa de vodca russa, bebeu-a de um só gole, arrotando impropérios quando percebeu que era uma falsificada. Confundia-se com o Reagan e imaginou-se um caubói no cinema. Cuspiu, blasfemou, ameaçou tocar fogo no inferno e trazer o gelo siberiano ao mesmo tempo. Pediu outra falsificada, mas se contentou em continuar na cachaça. Ele não sabia quem tinha sido na Terra, se presidente ou se ator de comerciais de bebida. E assegurou para Trump: - Eu sou você amanhã.
(Augusto Borges – Pixador Aposentadoaugustorborges@yahoo.com.br)
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Meu desejo é que, em 2017, o ódio e o fanatismo, personificados pelo Estado Islâmico, se transformem em amor e acolhimento incondicional das diferenças.
Desejo, ainda, que não haja abuso de poder por parte das pessoas que o tenham, para que não se instale entre nós o mal-estar na civilização. Que o espaço de cada um seja preservado!
(Bernadete Patrus Ananias Pothakos – Open Road English Course, (31)3482-4800)
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Época de festas e de comemorações, o findar de um ano vem regido por novas possibilidades. Planos e metas são traçados. O que esperar destas 365 possibilidades de fazermos algo diferente e melhor? Para o ano que se inicia desejo que sejamos mais solidários com aqueles que precisam. Que amemos mais o próximo sem esperar nada em troca. Que as pessoas tenham esperança de um mundo melhor onde a fome, guerras e intolerâncias não persistam e possamos conviver em paz. Que novas curas e vacinas sejam descobertas e que doenças sejam erradicadas. Que os governantes sejam mais humanos e que auxiliem seu povo, seus países a erradicar a miséria da alma e do corpo. Que possamos viver em um mundo melhor onde haja esperança, de que no ano que se inicia a cada novo ciclo traga realmente conquistas e alegrias, onde possamos nos tornar cada vez mais pessoas melhores.
(Carolina Gonçalves – fonseca-advocacia@hotmail.com)
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Pediram que eu escrevesse duas linhas sobre minhas expectativas para 2017. Não tenho nenhuma, mas me lembrei do que minha avó me respondeu há duas décadas, antes de morrer, quando lhe pedi que dissesse alguma coisa para a posteridade: “Os cachorros vão nascer sem rabo.”??? “O que mais posso dizer para essa moçada que não escuta, nem se importa com nada?” Minhas expectativas para 2017, no país onde os governantes só se importam com seus bolsos? “Os cachorros vão nascer sem rabo”.
(Deborah Maria Michelini – Psicóloga, Taquígrafa na Assembleia Legislativa MG)
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O que espero para 2017?
Além daqueles pedidos que sempre fazemos, como saúde, prosperidade e muitas realizações, eu realmente queria um pouco mais de diplomacia do mundo e das pessoas, me incluindo. Não somente entre as grandes nações ocidentais e orientais, ou entre muçulmanos e judeus, republicanos e democratas, coxinhas e mortadelas... mas no nosso dia a dia, no trabalho, na vizinhança, em nossos lares ou com um desconhecido na rua.
Lidar com as diferenças e expor nossos pontos de vista sem agredir, respeitando as fronteiras territoriais e a soberania do outro. Proporcionar atenção e escutar. Aproveitar as oportunidades para refletir, mudar conceitos, mas sempre honesto com nossos valores. Quem sabe, construir uma verdadeira “Ponte da Amizade”, com livre acesso e sem a necessidade de uma patrulha de cada lado. Este é o meu desejo para este e os próximos anos que, se Deus quiser, virão.
(Fábio Yamassaka – Engenheiro, fabio.yamassaka@gmail.com)
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O ano é repetitivo.
Mas eu preciso dizer que ele é novo.
Gosto vestir de branco,
tomar champanhe e outras mutretas supersticiosas.
Preciso fingir que a doença, a morte e tragédias não existem.
Ah isso não é bem comigo!
É quase um eco.
Perdoem-me a dor.
Minha vida é maior que a insignificância humana
Maior que a mortalidade e a tristeza.
E vou me alinhavando nas miudezas milagrosas
que tanto alimentam meus eus líricos de para quês.
Fingir tornou-se um hábito. Logo, sou infinita inteira.
Um ano de novo em mim.
Que me faz sonhar na vida que escorre
e perder a noção de uma certeza absurda
que mora dentro de mim.
É preciso partir.
É preciso chegar.
Embrulhado de esperança.
E eu aqui a escrever
Porque palavra me recicla
neste ir e vir constante.

Adeus Ano Velho.
Feliz Ano Novo!
(Fátima Fonseca – Autora de “Pés Descalços – cerrado de mim gerais”; Profissão:                 garimpeira de palavras – Blog: luzdocerrado.blogspot.com.br)

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O Ano Novo está chegando. Com ele, a lembrança de pequenos gestos do dia a dia e que podem fazer toda diferença. Costumamos enxergar os defeitos alheios, descuidando dos nossos próprios. Assim:
Que mudemos as nossas atitudes. Que o brasileiro (eu e você) acabe de vez com o jeitinho. Que não estacione em vaga de deficiente, que não fure fila, não dirija no acostamento, não jogue lixo no chão, recolha os dejetos de seus animais de estimação na rua, não finja estar dormindo para não ceder o lugar no ônibus, não falsifique carteirinha de estudante, não peça atestado para um médico conhecido, não use desculpas, como “era rapidinho” ou “foi só uma vez”, para justificar suas infrações, não aceite troco errado (para mais ou para menos), não compre produtos falsificados, não roube TV a cabo ou faça “gatos”. Enfim, não encare essas atitudes como partes do cotidiano. Quem sabe, a moda pega! Afinal, como bem diz o ditado: se cada um se preocupar em varrer a porta de sua casa, a rua ficará limpa.
(Júlia Mara da Costa Melo – Médica Cirurgiã Plástica)
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O cenário da crise política-econômica em que o país se encontra sinaliza muitas dificuldades para o próximo ano. A segurança e a credibilidade do Brasil estão ameaçadas; processos e investigações se arrastam à custa de recursos apelativos, o que dificulta a condenação dos culpados e o ressarcimento dos valores usurpados aos cofres públicos. A população está desorientada e indignada. O país, descuidado, adoece.
Em face de toda essa problemática, o que nos resta é a esperança. Esperamos na força do povo, que novas perspectivas sejam criadas para o Brasil, grande em território e plural em gerar riquezas.
(Laura de Araujo Rios - Psicóloga Clínica, www.reconstruir-se.com)
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Fim de ano. Tempo de balanço do que se foi e de estabelecer expectativas para o que há de vir. Sendo assim, 2016 foi cheio de golpes: nos cofres públicos, revelados pela Lava Jato; nos direitos dos cidadãos, impeachment da Presidente e imposição de um “novo” governo sem o voto popular; ameaças de reformas que visam a exclusão social, dentre outros. Na verdade, o que era expectativa positiva virou pesadelo, pois ao traçar metas para o ano vindouro fica o sentimento de que caminhamos rumo ao incerto que não é lá muito promissor.
Apesar de tudo, é bom que cada um acredite na sua capacidade de fazer de 2017 o melhor possível. Trace os seus planos e vamos juntos caminhar lutando pela garantia dos nossos direitos!
Um ano novo, pleno de grandes realizações depende de cada um de nós. Que os sonhos tornem-se realidade! Feliz Ano Novo!
(Marcos Geraldo Soares – Professor, mgeraldosoares@yahoo.com.br)
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Sabe Deus o que será do amanhã! Em nós, a busca por dias melhores, por um ideal ainda não conquistado, por um ano mais digno, menos frustrante e hipócrita que este que finda. Mas, há ainda a brilhar uma tênue luz, no fim do túnel. Talvez ele não seja tão profundo, a ponto dela não conseguir iluminá-lo. Buscas infindáveis, expectativas enormes. Se não houver esperança, de que vale a fé que em tudo prevalece? É nela que confio e, espero, não seja vã. 
                        (Regina Ângela Rios Fonseca – Professora)
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Fazer planos para um ano que entra é algo muito natural. Quem não os faz? Quem não se senta com suas notas mentais, fazendo listas de tudo que ainda não fez e não tem, mas certamente fará e terá no próximo ano? Quem não sonha, planeja e promete? Eu sim! Trago a bagagem cognitiva já cheia de rabiscos e rascunhos, mas desta vez não vou desejar coisas diferentes, quero mais e muito mais do mesmo. Para 2017 quero a saúde que já tenho, em mim e em minha família. Quero a profissão e o emprego que já me fazem feliz, pelos quais tanto lutei. Quero os laços de amizade já construídos, fortalecidos ainda mais. Para 2017 quero continuar abraçando as pessoas que amo e sentindo esta constante presença de Deus nos meus dias. Para 2017 só quero diariamente perceber que de nada vale viver de planos se não nos sentimos nunca prontos pra receber aquilo que já temos!
(Simone Rios Fonseca Ritter – Médica Geriatra)
FIM

NATAL


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Imagem: www.gifs.blog.br


Vem vindo o Natal,
com seus brinquedos
e perus e doces e árvores e bolas.
Sobretudo, com renovada esperança
de que as coisas melhorem.
2016 está no fim.
Políticos ladrões,
matança, em um mês,
maior que a guerra da Síria,
em um ano.
O capitalismo avança.
O povo não come, mas consome.
Apesar de tudo,
eis aí o Natal,
tempo do cristão festejar
o encontro da minifamília
e o nascimento do Menino Jesus.
Graça Rios





DE DESEJO E DE FANTASIA

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Imagem: historinhasdoneno.blogspot.com

Entre nuvens, voa suave o elefante
abanando suas grandes orelhas
de lá para cá, de cá para lá
(como se estivesse a remar).

Entre nuvens, voa delicado o elefante
movendo suas enormes patas
para frente e para trás, para trás e para frente
(como se estivesse a nadar).

Entre nuvens, voa sutil o elefante
torcendo seu engraçado rabo
ora pra direita, ora pra esquerda
(como se estivesse a sinalizar).

Entre nuvens, voa atento o elefante
balançando seu enrugado nariz
para cima e para baixo, para baixo e para cima
(como se estivesse a farejar).

O que faz o elefante tão cedo entre as nuvens?
Não vê que o sol nem bem acordou ainda?
Por que balança o nariz, torce o rabo
Move as patas, abana as orelhas?

O elefante suave
delicado
sutil
e atento
voa voa em busca da flor de gnaus
aquela que sobre um floco de nuvem
acaba de nascer.

Que a flor de Gnaus possa florir nos corações neste Natal, com a Esperança de   que o Ano Novo seja pleno de Amor, Alegrias, Saúde,  Paz e Realizações.
  Etelvaldo Vieira de Melo

AVIÃO

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Imagem: galeria.colorir.com



           


           Ana Clara não tem medo
de avião.
            Pelo contrário,
            viaja contente
 no céu de carneirinhos.

            A toda hora
apanha uma nuvem
            e come algodão doce.
           
            O avião é aviãozinho
            de papel-jornal:
            vai cair manso e leve
            no colo da vovó.

            Tem de tudo no avião:
            chocolate, poltrona de dormir,
            whatsapp, sorvete de morango.

            Ana Clara e o avião
            turbinam de alegria
            ao chegar em Dubai.
            Daí para o Brasil
            é um pulo de gato.  

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           Lá embaixo é quase Natal.                                                                                                          O papai Noel
            já encheu o trenó
            com presentes para ela.

             Viva,  viva,
             Rô, Rô, rou!                                                                                   Graça Rios

FALÊNCIA

Imagem: akigifs.blogspot.com



A livraria Van Damme fechou as portas.
Faliu, como a Mineiriana, a Ouvidor e tantas outras.
Para que livro,
se existe o whatsapp
e a fábula do computador?
Cultura, para que te quero?
Novela e futebol, sim, são essenciais.
Abaixo a língua e os linguistas!
Abaixo as livrarias!
Fogueira para os escritores!
Viva o analfabetismo,
patrimônio do Brasil! 

SINGELO PEDIDO NATALINO

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Imagem: www.mdig.com.br

U
m ex-amigo não se cansava de dizer (e eu não me canso de repetir): por trás de toda ação há uma oculta razão.
Estou (“é eu” – o Rivaldo) chegando à terceira e decisiva postagem, de uma série de três, sobre as comemorações de fim de ano. Nesta, quero revelar a oculta razão que me levou a encarar tal empreitada: fazer um pedido.
Calma, não precisa sair correndo feito cachorro vira-lata, em plena praia de Copacabana na noite de Réveillon, com medo de que possa sobrar pra você!
Na verdade, são três os pedidos. Entretanto, aceito a ideia de que constituam uma lista tríplice; se for atendido em um deles, vou me dar por “sastifeito”. Satisfeito vou ficar se Papai Noel me presentear com todos eles.
O primeiro pedido tem a ver com a Grande Imprensa (você sabe: esse grupo que controla a mídia no país). Sei que ela sabe de tudo que anda acontecendo; sei que ela fala o que lhe é conveniente falar e se cala, quando seu interesse e o interesse do grupo que representa podem ser contrariados. Meu pedido, meu desejo, é que essa Grande Imprensa seja uma das primeiras, senão a primeira, a firmar compromisso com aquela Verdade, que não me cansei de falar nas postagens anteriores. Pode ser? Podemos contar com a Senhora na construção de um país justo, onde, nós e nossos filhos, poderemos viver em paz e harmonia? Sem tanta violência, sem tanta corrupção, safadeza, mentira e hipocrisia? Sei que é difícil defender essa ideia de uma sociedade mais justa, sem tanta desigualdade. Mas pense um pouco: não é mil vezes melhor que o maior número de pessoas esteja contente e feliz? Não estaremos, com isso, também diminuindo a violência, a criminalidade, os conflitos?
Segundo pedido: tem a ver com aquela Operação chamada de Lava Jato. Como não faço parte da elite intelectual, aquela capaz de entender e de traduzir tudo que acontece no país, fazendo minhas conjecturas, sinto-me no direito de crer ser verdade o que penso, mesmo que venha a ser uma grande besteira. Deste modo, chego a pensar que a Lava Jato: ou foi inventada para acabar com os PonTos sujos e seu entorno, ou a máquina de lavagem estragou logo de cara e só aponta numa direção, ou o jato d’água não tem pressão suficiente para lavar outras sujeiras. De qualquer modo, mesmo sob o risco de estar projetando uma visão míope, meu pedido é para que essa Lava Jato lave direito. Se existe uma coisa que me deixa injuriado é ver injustiça. Tenho comigo o seguinte princípio: - Tem que dar no Chico? Dá, sem dó ou piedade, dá mesmo. Agora, se tem que dar no Francisco também, não pode ficar sem dar. Tem que dar, sem dó ou piedade, igual faz com o Chico. Este é um ditado popular, maneira simples de descrever uma ação justa. Se der no Chico e não der no Francisco, está errado; se não for dar no Chico com medo de ter que dar no Francisco, está errado também.
O terceiro e último pedido é endereçado à classe política. Não vou incomodar o pessoal lá de Brasília que, coitado, trabalhou tanto nos últimos dias, votando e aprovando uma tal de PEC 55, aquela que vai condenar os pobres a uma vida mais miserável pelos próximos 20 anos, segundo palavras de um relator da ONU. Meu pedido vai para um personagem e precisa ser historiado:
Se não fosse pelo descrédito completo para com o sistema político, que é uma porcaria; se não fosse pelo crédito para com as palavras bíblicas de que não se coloca remendo novo em tecido velho; se não fosse pela conjunção desses dois antecedentes, eu até olharia com bons olhos para a candidatura de um fulano à prefeitura de minha cidade, só pela promessa de que seríamos bem tratados pelos funcionários públicos. Estas foram as suas palavras:
            - Podem ficar tranquilos. Quando forem a uma repartição, ou a um posto de saúde, ou a uma escola, tenham certeza de que serão bem tratados. Os funcionários estarão felizes, porque serão bem remunerados. E quem está feliz trata os outros bem.
Eu não votei neste fulano e nem em outro sicrano (e nem no beltrano), mas este acabou ganhando a eleição, talvez porque os eleitores se sentissem assim como eu, desprotegidos e carentes.
Se formos dar crédito às suas promessas, a perspectiva é que teremos um futuro bem razoável. Como acredito na força do ditado que diz: Se as palavras comovem, os exemplos arrastam, o bom exemplo dos funcionários da prefeitura irá se espalhar pela cidade toda. Expressões como “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite” passarão a ser frequente no vocabulário das pessoas. “Muito obrigado” será outra usual, ao ponto de causar ciumeiras na turma da Seicho-No-Ie.
Bom demais, não é mesmo? Minha cidade, que já tem um belo horizonte (mas que, de repente, ficou poluída, suja e malcuidada) vai se tornar também a cidade do sorriso e da alegria. Meu terceiro é último pedido é para que esse político cumpra sua promessa de campanha.
Como dá para perceber, imbuído do espírito natalino, estou oferecendo a esses três mentores da mutreta (veja bem que não estou empregando a palavra “golpe”) aplicada no país a chance de se redimirem de seu lamentável erro (como já disse, meu “achismo” não tem nada de científico, que é um atributo da elite intelectual).
Para completar o espetáculo circense, ficou faltando aquela parcela rancorosa da população, que se sentia incomodada, vendo os mais pobres “fungando em seu cangote”. Como foi tão somente usada como massa de manobra, fica suspensa deste singelo pedido natalino.
PS: Fiz todo o possível para produzir um texto leve e bem-humorado, como é de meu feitio. Também procurei falar sério, como também é de meu feitio. Dizem que o Brasil é o país da piada pronta. Pode até ser. Meu receio é que, enquanto rimos de tristeza e fazemos piadas tristes com tanta desgraça (falta de graça), outros é que estejam rindo de verdade, enquanto esfregam as mãos de contentamento.

Etelvaldo Vieira de Melo

POEMINHA ESTRIDENTE


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Imagem: nucleussp.com.br
O artista Amadeus Mozart
escreveu sobre a pauta
           um bilhete:
 “Estou com dor de dente.”
A aflição pousou na música
        ave         ave
se deixando ficar
     flutuando nas flautas
     atordoando os violinos
e afinando o Molar.

ESPERAR, MESMO CONTRA TODA DESESPERANÇA

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Imagem: rodolfotrc.tumblr.com
Houve um tempo em que certo sujeito tocava a campainha lá de casa regularmente, sempre pedindo alguma coisa. Ele andava com um saco às costas e um pano enrolado na cabeça. Quando, pelo interfone, eu perguntava quem era, ele dizia: - É eu! – e lá eu tinha de adivinhar quem era esse “é eu!”, embora seu tom de voz fosse inconfundível.
Bom, como você não tem como saber quem “é eu”, assim de supetão, já adianto: “É eu!” – Quem? – Ora, o Rivaldo, aquele mesmo que fez a postagem da semana passada!
Confesso: a experiência foi tão boa que estou repetindo a dose. Parece que recebi um tratamento de choque para acalmar os nervos. No entanto, nem bem passou uma semana e já estou tendo uma recaída, tudo por conta dessa decisão do STF de decidir (!) pela não destituição do Presidente do Senado. Ao ler a notícia, cheguei a me perguntar por que esses assuntos escapam de meu entendimento, se ele, o entendimento, só é possível para uma pequena elite intelectual e da qual eu, membro da classe das pessoas comuns, não participo.
Assistindo a esse e outros eventos pela TV, chego a me perguntar: sou estúpido demais? As massas populares, por si, são ignorantes?
Deixe pra lá. Como diz o ditado: “Os cães passam, enquanto as caravanas latem”. Vamos falar de coisas acessíveis aos comuns dos mortais, o capítulo II de uma trilogia sobre o Natal; enquanto isso, espero que suas excelências estejam se explicando para seus pares, para a elite intelectual e para quem mais de direito.
O
 Natal se aproxima, carregado de presentes (porque, afinal, estamos numa sociedade de consumo) e de sentimentos de boas intenções (porque, também, é forte entre nós a cultura religiosa).
É nesta ocasião, especialmente, que as pessoas se desarmam um pouco, abrindo mão de suas animosidades, seus rancores – do individualismo, enfim – e se aproximam das outras em gestos de solidariedade e acolhida. Ocasião perfeita para se plantar uma semente de bondade, para que brote e frutifique ao longo do ano novo, que está para nascer.
Eu, que não me somo a tantos que se contentam com sentimentos vazios e inúteis, que mal e mal sobrevivem aos festejos de Ano Novo, estou aqui pensando qual semente quero plantar nas páginas deste blog.
É certo que o ano de 2016 foi muito difícil, capaz de aprofundar ainda mais a desigualdade e o antagonismo entre as pessoas, seja aqui no Brasil, seja no mundo em geral.
Olhando para a situação brasileira, vivíamos na ilusão de uma convivência harmoniosa entre pessoas de diferentes classes e cores ideológicas. Tudo por conta de uma herança cultural que nos tornava avessos aos desentendimentos e conflitos. Nossa índole hospitaleira e nossa mania de sempre dar um jeitinho, de colocar “panos quentes” em tudo, afinal não passavam de um verniz, escamoteando uma realidade de tensão e de conflito.
Assistimos, ao longo do ano, ao rompimento desse acordo tácito, algo parecido com o rompimento da barragem de dejetos em Mariana. Assim como lá, onde a Bacia do Rio Doce foi toda contaminada, assim também, no país, um sistema político podre e corrompido se rompeu, fazendo com que um mar de lama se espalhasse, sujando os cidadãos.
O país está doente, seu povo está sofrendo. Como renovar as alegrias e asa esperanças do Natal diante do que passamos?
Na postagem anterior, falei que tudo começa com a busca e a conquista da Verdade, dessa Verdade que está um pouco comigo, mas que também me ultrapassa, estando um pouco com meus desafetos, aqueles com os quais minhas relações foram marcadas pela rivalidade, pelo desentendimento, pela intolerância.
Firmar compromisso com essa Verdade maior, essa que ultrapassa meus interesses, é que vai me permitir a construção da Liberdade. Acredito também que é somente com a aceitação da Verdade que diferentes pessoas poderão dialogar, construir um país justo, sem tanta desigualdade.
Torço para que a celebração do Natal ajude a plantar nos corações e nas mentes de todos o amor da Verdade. Quero a Verdade, quero amar a Verdade, quero que as pessoas amem a Verdade. E que sejamos livres. E que lutemos pela Justiça verdadeira em nosso país.
Sei que tudo começa com nossas ações do dia a dia. Eu não posso cobrar do outro aquilo que não estou vivendo. Assim, gostaria que todos firmassem esse compromisso comigo, e que essas boas intenções não venham a morrer logo depois das celebrações do Ano Novo.
Etelvaldo Vieira de Melo 

C O N T R A S T E S

Imagem: o mundodealine.blogspot.com.br

                                 
Todos os dias, na rua me perco
Em nua noite na lua te acho.
Enfrento frio o calor do meu corpo
Devoro doce a amargura em teu passo.

Calmos sentidos ardores espinhos
Maduram frutos de verdes momentos.
Buracos negros nos vãos sortilégios
São brancas horas e estrelas ao vento.

Feneço vivo por essa Fortuna
Que faz a mim e a ti reles mortais
Onde nada é pleno e menos é mais.

Na tormenta eu sou mar tu és espuma
Encilhados nos múltiplos desejos
Quando do Amor em nós restam sobejos.

EM BUSCA DA VERDADE PERDIDA

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Imagem: paralemdoagora.wordpress.com
Eu me chamo Rivaldo, e é só pelo nome que posso achar um pouco de graça na vida. De uns tempos para cá, estou me sentindo muito desorientado. Até parece que tenho um problema físico, cruz credo, uma doença, coisa assim.
Já conjecturei, eu que sou muito chegado a conjecturas: Quem sabe foi a minha deficiência visual que aumentou? Quem sabe o glaucoma se acentuou e meu campo de visão se estreitou ainda mais? Não é possível tanto desentendimento com as pessoas!
Marquei consulta com o médico oftalmo, que é um respeitado professor de muitos títulos, pessoa de bom coração, atencioso e de muitos cuidados.
Ele foi logo me acalmando, depois de analisar um exame chamado Campo Visual Computadorizado (CVC).
            - Rivaldo, tenho uma ótima notícia pra você: sua vista está melhorando, em vista do que era!
Senti-me um pouco aliviado, sabendo, agora, que a natureza de minha disfunção não era física. Foi o próprio médico quem trouxe um pouco de luz para aclarar a situação, quando lhe perguntei como se sentia, se estava animado para as festas de final de ano.
            - Que nada! – falou ele, com um tom de melancolia. – Sinto-me triste e desencantado com tanta notícia ruim. Cada dia é uma notícia pior que aparece, sempre envolvendo políticos e dirigentes. Mais do que uma crise econômica, nosso país sofre de crise moral, de falta de princípios.
Sei: esta é uma tirada que já estamos ficando carecas de tanto ouvir. Minhas considerações podem também parecer óbvias, mas como as pessoas hoje se assemelham a burros conduzidos por cabrestos, elas nem sempre são percebidas.
E tudo tem a ver com essa estreiteza de visão. Estando num campo de futebol, por exemplo, sua visão do jogo irá depender da posição em que estiver. Evidente que, se a posição for boa, sua visibilidade será melhor.
De forma semelhante, diante da vida e dos acontecimentos, nossas chances de entendimento serão melhoradas se soubermos nos posicionar de maneira correta diante dos fatos.
É isto que me falta no momento, é isto que também falta às pessoas, em geral. Não estamos sabendo nos situar diante dos acontecimentos. Nossa visão se tornou estreita, como se fôssemos burros puxando carroças!
Estamos todos assim, como burros de carga, mal enxergando um palmo à frente do nariz, mas cobertos de arrogância, como se fôssemos donos da verdade.
Sinto que ela, a Verdade, se fragmentou em muitos pedaços. Quem está com um pedaço, pensa que está com a Verdade inteira, ou então acredita que aquela parte lhe dá o direito de criticar todos os que ficaram com partes diferentes.
As pessoas hoje se parecem com os moradores cegos de uma aldeia, colocados frente a um elefante. Quando foram solicitados para descrever o animal, o que havia tocado a orelha do elefante disse:
            - É uma coisa grande, rugosa, larga e grossa como um tapete felpudo!
Já aquele que apalpara a tromba falou:
            - Eu conheço a realidade dos fatos, trata-se de um tubo reto e oco, horrível e destruidor!
Um outro, que tocara as patas do animal, declarou:
            - É algo poderoso e firme como uma pilastra!
E, assim, cada um foi dizendo uma coisa diferente, sem que pudessem chegar a um acordo.
É isto que está acontecendo agora no país, com as pessoas só enxergando partes da Verdade, mas achando que estão com toda a Verdade.  Pior: por lhes faltar a visão crítica, acabam aceitando e repassando um tanto de mentiras.
O Natal se aproxima, trazendo uma mensagem de esperança, independente de nossa coloração religiosa. Minha esperança é a de que eu venha a aprender essa lição de saber olhar para as coisas, deixar de lado essa ideia de que a verdade não passa de meu interesse. Existe uma verdade além do que penso ou do que acho.
Como bem diz uma passagem bíblica: “- Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”. É isso: só a Verdade pode me ajudar a ser um sujeito livre; a mentira me torna um ser medíocre, menor, incompleto.
Não precisamos temer a Verdade. Que seja, a Verdade – não o temer, aquela luz a nos guiar na construção de um país de Justiça e de Paz para todos.
Etelvaldo Vieira de Melo


MENINA




“Meu pai me penteou /o jardineiro me enterrou /debaixo da figueira /a mando da madrasta / que aqui me deixou” ( cantiga de história popular)


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Eu tive cinco anos
que o padrasto roubou.
Meus pulmões cheios de terra
a polícia encontrou.

Eu tinha cinco anos
por Ana Clara respondia.
Sete vidas eu tivesse
o padrasto tiraria.

Minha mãe ainda me nina
no berço onde me criou.
O padrasto teceu-me a sina
com terra, esse cobertor.

Ana Clara – repete triste –
a mãe que em carne tornou
a menina enterrada  viva
pelo padrasto feitor
Ana Clara, de Carmo da Mata - MG, minha cidade natal,
foi enterrada viva pelo padrasto, em novembro de 2016.

EXCESSO DE INFORMAÇÃO PRODUZ DEFORMAÇÃO


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Introdução
Quando queremos entender alguma coisa e buscamos ajuda, nos tempos de hoje, esbarramos com muitas dificuldades. O avanço científico e tecnológico nos proporciona acesso a milhares de informações. E é justamente aí que mora o perigo.
1º Ato
Uma amiga muito querida, ao se preparar para sua primeira viagem intercontinental, julgou que o melhor a fazer seria contar com a ajuda de entendidos, os chamados experts. Para tal mister (!), foi consultar o Dr. Google.
            1º Quesito: O Que Levar?
Não houve consenso entre os informantes, cada um recomendando determinado tipo de vestuário.
Conclusão: minha dileta amiga julgou por bem levar vestimentas para as quatro estações.
            2º Quesito: Como Levar?
Uma questão que se tornou muito problemática – em virtude do excesso de roupas. Nada que deixasse os entendidos impedidos de palpitar, fato que me deixava com palpitação, já que eu estava também envolvido na trama e no drama da aventura – eu e mais a “torcida do Atlético” (expressão regional para designar “muita gente”).
As sugestões, quase que intimações, iam desde a ordem de disposição dos itens na mala, passando pela ideia de se enrolar as roupas em tubinhos, terminando com a proposta de se colocar tudo em sacos plásticos, chamados de Easy Space. Ao ouvir esse nome chique, as resistências de minha insegura amiga se quebraram. E lá fui eu comprar os tais sacos.
Caso alguém se interesse por essa novidade, adianto uma explicação: Easy Space é um saco plástico onde a bagagem é comprimida, com o excesso de ar sendo retirado através de uma bomba de sucção. No entanto, resumindo essa novela mexicana ou global, quero dizer que nada deu certo, seja o saco, que logo rasgou, seja a disposição das peças em determinada ordem, seja a ideia dos tubinhos. Acabou que tive de oferecer meus préstimos de maleteiro, lembrando meus tempos de estudante de internato. De qualquer modo, as malas ficaram abarrotadas, fazendo jus ao nome de “malas”.
3º Quesito: Qual O Melhor Roteiro Turístico?
Chegando a este nível, a cabeça de minha desorientada e desditosa amiga, como se diz, “entrou em parafuso”. As sugestões eram tantas e tão desencontradas que ela se decidiu, recorrendo a uma brincadeira de criança, aquela da “mamãe me mandou marcar esta aqui”.
2º Ato
Tenho um amigo de nome Eleutério Matoso. Assim que se aposentou de seu trabalho regular, foi exercer as profissões de “piloto de fogão" (PF) e de Assessor Doméstico Para Assuntos Diversos (AD/AD), dois ofícios para os quais os maridos modernos, mais dias ou menos dias, acabam sendo empurrados, tudo por causa da festejada emancipação feminina. (Obs: A emancipação feminina atende a um princípio da Física, que diz: dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. As mulheres ficaram com o espaço de “mandantes”, enquanto os maridos ficaram com o dos “obedientes”. Vem daí o ditado: manda quem pode, obedece quem tem juízo.)
Enquanto Piloto de Fogão, Eleutério se vê às voltas com orientações técnicas sobre quando o preparo de um alimento é saudável ou deixa de sê-lo. Tais orientações jorram aos borbotões pela Internet, sendo coletadas pela diligente esposa.
Como também aqui não existe um consenso sobre o que pode e o que não pode, o pobre coitado do Eleutério fica pulando de lá para cá, como se fosse milho de pipoca em frigideira quente. Uma hora, são gotinhas de água sanitária que têm o poder de desinfetar os alimentos; em outra, é o vinagre a água benta. Existem momentos em que a água sanitária serve para hortaliças, enquanto o vinagre é “tiro e queda” para frutas e legumes. Em outra pesquisa, é a conjunção dos dois, vinagre e água sanitária, mais o adjutório do bicarbonato, que vai dar conta das bactérias, dos vírus e dos agrotóxicos. Em síntese, preparar uma refeição frugal acabou se tornando motivo de pesadelo, tarefa mais difícil do que acabar com as cagadas e os xixis do cãozinho Thor em lugares errados, usando de famosa solução farmacêutica chamada “Aqui Pode, Ali Não Pode”.
A pressão psicológica sobre Eleutério é tamanha que ele já começou a desenvolver a síndrome do pânico e ter palpitações, quando se aproxima do fogão; também já não consegue dormir direito, tendo pesadelos, com os diferentes tipos de óleos vegetais em guerra com as gorduras de coco, de porco e a manteiga de garrafa.
Até pouco tempo, Eleutério tinha as frutas na conta de alimentos do bem; atualmente, sua opinião está mudando, pois ficou sabendo que, quando batidas em liquidificador, elas se transformam em frutose, ou seja, açúcar – um dos maiores vilões da saúde. Para aumentar sua neurose, precisa se policiar e policiar os alimentos para que não passem batidos os que possuem lactose e glúten.
Definitivamente, o pobre coitado do Eleutério já não sabe como dar um temperozinho diferenciado nos preparos, já que não pode contar mais com os pozinhos, todos empesteados com um tal de glutamato monossódico, outro terror para uma vida saudável.
Como os neurônios do depauperado coitado já se encontram naturalmente gastos, ele pretende se matricular num cursinho para entender as características e as diferenças entre gorduras insaturadas, monoinsaturadas, poli-insaturadas, hidrogenadas e trans.
Conclusão
Como estou tentando mostrar, o preparo de alimentos saudáveis requer muita informação, e o disco rígido de Eleutério já não dispõe de memória RAM suficiente para armazenar tantos dados. Como desconfio que os vilões da saúde acabem sendo os chamados “radicais livres”, até estou me dispondo a ir até a República de Curitiba, procurar uma tal de Força Tarefa chamada de Lava Jato, aproveitando que ela ainda está de pé. Ali vou tentar convencer os delegados, promotores e juízes a deixarem esses radicais presos, sem ter direito ao uso das famigeradas delações premiadas.
Só mesmo assim pro pobre do Eleutério ter um pouco de sossego.
Etelvaldo Vieira de Melo