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(Composição
Infantil)
A bananeira é uma planta
frutífera. O fruto da bananeira é a banana.
Minha avó, Dindinha Dilica, conta
que nos tempos dela novinha, existia uma simpatia que dizia: quando uma bananeira
não quer dar banana, ela deve ser abraçada por um homem; então, ela passa a dar
bananas.
Minha avó Dilica conta também que,
nos tempos de jovem, os meninos e as meninas faziam muitas coisas atrás das
bananeiras de casa. Eu imagino que deveriam ser brincadeiras de casinha, de doutor,
de circo, já que naqueles tempos, coitados, não havia esses brinquedos de hoje,
os videogames e smartphones.
Vovó dá um sorriso espertinho, com
sua boquinha sem dentes. Então, eu passo a acreditar que pode ter sido bom aquele
seu tempo, apesar de todo atraso e da falta de um videogame e de um smartphone.
Minha avó faz questão de
esclarecer que tudo se aproveitava das bananeiras, além das bananas, é claro. O
caule, por exemplo, servia para fazer petecas. E não havia peteca melhor do que
aquela feita com os caules de bananeira. As folhas verdes e grandonas eram
usadas para um mundo de coisas: serviam para forrar o assoalho, quando um porco
era sacrificado; serviam como lonas para os circos montados no quintal,
telhados para as casinhas de brinquedo; quando secas, eram usadas para sapecar
a pele do porco sacrificado. O coração (ou umbigo) da bananeira dava um cozido
todo especial.
Naqueles tempos de antigamente, o
preço da banana era baratinho; por isso, quando alguém queria falar de algo que
custou pouco, dizia:
-
Ah, aquilo ficou a preço de banana!
Agora, Dindinha Dilica não sabe
explicar porque uma pessoa moleirona, palerma, boba, é chamada de banana.
Tudo isso que estou falando foi
minha vó Dilica quem contou. Para falar da fruta banana, eu mesmo sou capaz.
A banana é uma fruta muito
apreciada, pois é saborosa, fácil de descascar e de comer. Sei que existem
muitas espécies de banana. Eu não gosto muito da caturra, pois acho que ela tem
um gosto enjoativo. Minhas preferidas são a prata, a maçã e a ouro. Como mais
da prata, mas aprecio mais a ouro, que é doce feito mel.
Pra dizer a verdade, não sei de
onde veio a banana. Acho que ela é daqui mesmo, pois ouvi meu tio Eleutério
dizer que os políticos pensam que vivemos num país de bananas.
Falando assim, eu vejo que preciso
esclarecer as palavras, para que não haja mal-entendidos.
Por exemplo: dar uma banana pra
alguém não quer dizer agrado, mas ofensa. A pessoa balança o punho da mão
direita fechada, presa pela esquerda e voltada para o outro, dizendo:
-
Aqui, ó!
Tal gesto costuma trazer briga.
Vovó Dilica conta que, nos seus tempos de jovem, os meninos se juntavam na rua,
alguém riscava o chão separando os briguentos, e mandava cuspirem um na direção
do outro. Depois, era soco que voava pra tudo quanto é lado.
(Estou
vendo que, continuando a dar ouvidos à minha avó Dilica, vou acabar achando que
seu tempo de criança foi melhor do que está sendo o meu, de videogame e smartphone.)
Outra coisa que preciso
esclarecer: plantar bananeira não significa necessariamente o que a frase está
dizendo. Pode significar aquele gesto da pessoa se projetar no chão, ficando de
cabeça para baixo e apoiado nas mãos. Quanto mais tempo uma pessoa se equilibra
assim, melhor ela está plantando uma bananeira.
Eu já estava chegando ao fim desta
composição, bem satisfeito com a ajuda de minha avó, Dindinha Dilica, quando
meu tio Eleutério falou que também queria dar seu palpite.
Ele acha que a bananeira deveria
ser o símbolo da classe política do país. Todo dia de reunião no Congresso (que
é muito pouco toda semana), uma bandeira com o símbolo da bananeira deveria ser
hasteada. Para os políticos, aquele gesto pode simbolizar o descaso que têm
para com o povo, para quem vivem dando bananas, eles que são iguais a folhas de
bananeira, estão sempre virando para onde sopra o vento. Para o povo, aquele
símbolo representa a lembrança de que o mandato de um político deve ser como
uma bananeira: só tem validade enquanto dá fruto. Depois, tem que ser cortado,
pois é bananeira que já deu cacho.
Joãozinho
Nota: Quero agradecer à vovó,
Dindinha Dilica, e ao tio Eleutério pelos conselhos e pela correção do texto
sobre bananeiras e bananas. A propósito,
aceita uma banana?
Etelvaldo
Vieira de Melo
1 comentários:
Ao invés de bananada, o Brasil virou uma rabanada. Viva o rabo do povo!
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