A BANANEIRA

Imagem: pomaresemvasos.blogspot.com
(Composição Infantil)
A bananeira é uma planta frutífera. O fruto da bananeira é a banana.
Minha avó, Dindinha Dilica, conta que nos tempos dela novinha, existia uma simpatia que dizia: quando uma bananeira não quer dar banana, ela deve ser abraçada por um homem; então, ela passa a dar bananas.
Minha avó Dilica conta também que, nos tempos de jovem, os meninos e as meninas faziam muitas coisas atrás das bananeiras de casa. Eu imagino que deveriam ser brincadeiras de casinha, de doutor, de circo, já que naqueles tempos, coitados, não havia esses brinquedos de hoje, os videogames e smartphones.
Vovó dá um sorriso espertinho, com sua boquinha sem dentes. Então, eu passo a acreditar que pode ter sido bom aquele seu tempo, apesar de todo atraso e da falta de um videogame e de um smartphone.
Minha avó faz questão de esclarecer que tudo se aproveitava das bananeiras, além das bananas, é claro. O caule, por exemplo, servia para fazer petecas. E não havia peteca melhor do que aquela feita com os caules de bananeira. As folhas verdes e grandonas eram usadas para um mundo de coisas: serviam para forrar o assoalho, quando um porco era sacrificado; serviam como lonas para os circos montados no quintal, telhados para as casinhas de brinquedo; quando secas, eram usadas para sapecar a pele do porco sacrificado. O coração (ou umbigo) da bananeira dava um cozido todo especial.
Naqueles tempos de antigamente, o preço da banana era baratinho; por isso, quando alguém queria falar de algo que custou pouco, dizia:
                - Ah, aquilo ficou a preço de banana!
Agora, Dindinha Dilica não sabe explicar porque uma pessoa moleirona, palerma, boba, é chamada de banana.
Tudo isso que estou falando foi minha vó Dilica quem contou. Para falar da fruta banana, eu mesmo sou capaz.
A banana é uma fruta muito apreciada, pois é saborosa, fácil de descascar e de comer. Sei que existem muitas espécies de banana. Eu não gosto muito da caturra, pois acho que ela tem um gosto enjoativo. Minhas preferidas são a prata, a maçã e a ouro. Como mais da prata, mas aprecio mais a ouro, que é doce feito mel.
Pra dizer a verdade, não sei de onde veio a banana. Acho que ela é daqui mesmo, pois ouvi meu tio Eleutério dizer que os políticos pensam que vivemos num país de bananas.
Falando assim, eu vejo que preciso esclarecer as palavras, para que não haja mal-entendidos.
Por exemplo: dar uma banana pra alguém não quer dizer agrado, mas ofensa. A pessoa balança o punho da mão direita fechada, presa pela esquerda e voltada para o outro, dizendo:
                - Aqui, ó!
Tal gesto costuma trazer briga. Vovó Dilica conta que, nos seus tempos de jovem, os meninos se juntavam na rua, alguém riscava o chão separando os briguentos, e mandava cuspirem um na direção do outro. Depois, era soco que voava pra tudo quanto é lado.
                (Estou vendo que, continuando a dar ouvidos à minha avó Dilica, vou acabar achando que seu tempo de criança foi melhor do que está sendo o meu, de videogame e smartphone.)
Outra coisa que preciso esclarecer: plantar bananeira não significa necessariamente o que a frase está dizendo. Pode significar aquele gesto da pessoa se projetar no chão, ficando de cabeça para baixo e apoiado nas mãos. Quanto mais tempo uma pessoa se equilibra assim, melhor ela está plantando uma bananeira.
Eu já estava chegando ao fim desta composição, bem satisfeito com a ajuda de minha avó, Dindinha Dilica, quando meu tio Eleutério falou que também queria dar seu palpite.
Ele acha que a bananeira deveria ser o símbolo da classe política do país. Todo dia de reunião no Congresso (que é muito pouco toda semana), uma bandeira com o símbolo da bananeira deveria ser hasteada. Para os políticos, aquele gesto pode simbolizar o descaso que têm para com o povo, para quem vivem dando bananas, eles que são iguais a folhas de bananeira, estão sempre virando para onde sopra o vento. Para o povo, aquele símbolo representa a lembrança de que o mandato de um político deve ser como uma bananeira: só tem validade enquanto dá fruto. Depois, tem que ser cortado, pois é bananeira que já deu cacho.
Joãozinho
Nota: Quero agradecer à vovó, Dindinha Dilica, e ao tio Eleutério pelos conselhos e pela correção do texto sobre bananeiras e bananas.  A propósito, aceita uma banana?
Etelvaldo Vieira de Melo



1 comentários:

mgracarios@gmail.com disse...

Ao invés de bananada, o Brasil virou uma rabanada. Viva o rabo do povo!

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