Imagem: jornaldasaude.com.br |
Na postagem da semana, estamos
conversando com Genésia Solaris. Genésia está falando sobre a polarização
vivida pelo país, ela, polarização, que foi gestada ao longo dos anos e que,
daqui para frente, certamente irá trazer consequências desastrosas para a
nação. O que destaco na fala de Genésia é sua profunda honestidade no sentido
de buscar entender o que acontece, querendo saber da verdade, esteja ela onde
estiver. Se as pessoas que frequentam as redes sociais, postando e encaminhando
opiniões, tivessem esse senso de honestidade, de respeito para com o outro e de
compromisso com a verdade, certamente estaríamos vivendo agora um belo e
verdadeiro exercício de jogo democrático, e não esse clima de guerra
fratricida.
Como
analisa a polarização política vivida pelo país?
Ela, que atingiu um nível raramente
visto, tende a se manter.
Na atual cisão da sociedade brasileira,
um lado se diz defensor da democracia, e define o opositor como fascistoide. O
outro lado se diz defensor da moralidade e chama os opositores de corruptos.
Não estão errados.
Como
fica o PT nessa polarização?
Como diz Ricardo Kertzman: “Eu não tenho
culpa do PT ter resolvido monopolizar os maiores crimes de corrupção e as
maiores besteiras administrativas do país se aliando ao PMDB, um dos maiores
antros de poderosos e velhos corruptos do Brasil”.
E
Bolsonaro?
Bolsonaro, por sua vez, só existe porque
Lula e o PT existem. O Lulopetismo criou Bolsonaro. A imprensa alimentou e
alimentou-se do Lulopetismo. Estamos divididos por dois extremos, um
comprovadamente danoso e vil, e outro com grandes chances de ser tão ruim
quanto.
O
que é mesmo a dualização e como ela se dá no Brasil?
Há notórios ignorantes nos dois
extremos: aqueles que adoram qualquer um dos lados, independente do que digam e
façam.
Segundo David Cohen, a dualização é uma
forma simplificada de lidar com uma realidade complexa. Na dualização, o debate
é dominado por afetos e o afeto predominante é o ódio. Existem dois tipos de
ódio. No primeiro, sentimos raiva, pelo o que a pessoa fez (no nosso caso:
pessoas e partidos). Esse ódio reivindica desculpas e reparações. No segundo,
sente-se raiva pelo que a pessoa é. E, neste caso, não se quer mais solução,
não se busca consenso.
No Brasil, houve dois fatores intensificadores
da polarização: 1) as crises políticas e econômicas; 2) E a percepção de que os
processos políticos tradicionais estão corrompidos.
A crise econômica facilita a
radicalização, pela desilusão; esta leva as pessoas a buscar sentido em ideologias
políticas e acaba por radicalizar suas crenças.
A política passou a girar mais em torno
de valores de grupos do que de valores nacionais.
Existem
outros fatores que contribuem para essa radicalização?
Sim.
Vivemos um processo de abandono das estruturas de mediação da sociedade,
com uma crescente desconfiança da imprensa, do judiciário, dos intelectuais....
Eles pareciam mediar o diálogo, mas agora são interpretados como partes não
mais isentas.
O avanço das redes sociais, outro fator
extremamente importante, facilita a despersonalização do interlocutor, reforça
visões de grupos e promove uma espécie de narcisismo social.
Nas discussões políticas, cada lado usa
argumentos racionais que não ecoam no conjunto de valores do oponente. Como
disse Forbes, psicanalista, "vivemos a era da razão sensível, contaminada
pelas paixões". E paixões extremas de ambos os lados, que cegam a todos.
Nesse quadro, nenhum dos extremos, tem condições de controlar os seus radicais
apaixonados. Pior de tudo: nós, que achávamos que a informação é a chave da
mudança, estamos nos dando conta de que ela nunca é assimilada de forma neutra.
Obrigado,
Genésia.
Não seja por isso. Foi um prazer.
Nota: Na
verdade, esta entrevista foi feita com Andrea Yamasaka. Genésia Solaris foi o
pseudônimo com que ela, por modéstia e senso de humor, quis ser identificada.
Etelvaldo Vieira de Melo
3 comentários:
Muito bom tia!
Excelente!!
Muito bom! Parabéns!
Postar um comentário