Belzinho – o Gabriel – pousou sobre minha casa. Eu estava
cremando o rosto, perfumando os ombros. Distraído, esqueceu a coroa, mas trouxe
brilhantes.
-
Pois, pois, a que devo a honra?
-
A senhora ainda joga videogame?
- Gosto muito.
Ligo o computador.
- Favor, aqueles
de guerra.
- Uai, Biel!
Mata-mata?
- Anelo só brincar só.
- Okay. Não
estou localizando...
- Aperte “Abrir
Tela”. Eu mesmo arrumo isso.
Na copa. Gorgeando com Lili, bicando sementes de pássaro.
-
Periquito Maracanã, cadê a sua Iaiá?
-
Faço depois seu chá de canela.
Meia hora engasgada de papo. Castanhas, nozes e vozes.
-
O que houve, meu anjo? Largou o jogo pra vi/ver o celular?
-
É. O povo da Nuvem.
-
Quer ir para o Órgão, Gabriel?
Sala de visitas. Toco o Bife. Tan, tan tan, tan tan tan.
- Vem,
menino, que te ensino. Duas teclas saltadas. Pula pra frente, mais agudo.
- Pam pam. Pam. Puxa!
- Ouvido absoluto. Ouça o desafino e comece
de novo.
- Tan tan. Pam Pam. Tan Ten TUN. PIN PUM.
-
Bravo! Santa Cecília, padroeira dos músicos, vai adorar.
Sorriso
divinal, vaidade terrestre.
-
TEMTERÉM. PACO IN PACO.
-
Devagar. Compositor precisa de alma. Calma. Bifando do início.
- BIF. BIF. BIF.
BIF. BUFO!
-
Busquei uma banana. Potássio nos dedos.
-
Ummmmm. INHAKO, inhaco! Doce, doce.
- Himmlische,
dein Heiligtum! Beethoven: “Ali
onde teu doce voo se detém”.
Dó, mi,
si, ré, lá, dó, ... Aprendeu. Biel do
Céu, tu vem de auréola até sem ela.
- A senhora
acha?
- Certeza,
garoto!
Volta ao lar, de
Move. São Geraldo à espera, segurando o crânio.
-
Papai, mamãe, descobri hoje minha vocação.
-
O que será, será?
- Serei
Músico Famoso. Podem ver o astro onde devo estudar.
Graça Rios
1 comentários:
gostei muito obrigado linda
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