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No dia 17 de julho de 2007, o Airbus A320-233, em voo TAM 3054, partiu
de Porto Alegre com destino a São Paulo. Ao tentar pousar na pista 35L do
aeroporto de Congonhas, a aeronave não conseguiu frear, ultrapassou os limites
da pista, indo colidir com o prédio da TAM Express e com um posto de gasolina.
Resultado da tragédia: 187 passageiros/tripulantes e 12 pessoas em solo todos
mortos.
Você já viu um filme de guerra onde alguém passa por
um terreno, sabendo que está minado? Ele anda com todo cuidado, pois um
descuido qualquer e BUM!, acaba com
tudo.
Mais ou menos assim estou me sentindo na produção
deste texto. Preciso medir bem as palavras, procurar ter o máximo de precisão e
clareza, pois um descuido qualquer, BUM!,
posso provocar danos indesculpáveis. Daí, perder o respeito e a
consideração de pessoas que estimo é só um piscar de olhos.
Procurando ter os olhos bem abertos, e sem piscar,
vamos bater mais uma vez na tecla da religião. Como diz o ditado, “água mole em
pedra dura tanto bate até que a água acaba”.
Agindo assim, sei que posso contrariar muita gente,
mas fazer o quê? Se for para deixar a honestidade e a coerência de lado, será
melhor mexer com outra coisa, já que, sem elas, estarei indo para lugar nenhum.
Esse tema da religião já me incomodou muito no período
eleitoral, quando usaram e abusaram de Deus, tomando seu santo nome em vão, com
os tidos pastores, evangélicos e cristãos despejando toneladas de vergonhosas mentiras
sobre crentes, descrentes e indecisos, sobre pessoas de nenhuma, muita ou pouca
fé.
Pois bem, deixei registrado que não concordo
absolutamente com essa ideia de misturar política com religião, que considero o
cúmulo da desfaçatez usarem a religião para fins políticos e eleitorais, que a
política no país não vai dar certo enquanto houver esse tipo de gente no
Congresso com sua chamada Bancada da Bíblia.
Outro ponto que me contraria neste tema está na
maneira como muitas pessoas vivenciam a religião, expressam a religiosidade.
Não tem nada demais alguém puxar “a brasa pra sua sardinha” quando está orando.
Mas não pode haver exagero, isto é, fazer da religião um comércio, um
“toma-lá-dá-cá”, um só recorrer a Deus buscando o interesse próprio.
Exemplo:
Um palestrante, que conheci através de um vídeo, disse
que era para estar entre aqueles mortos do acidente da TAM. Contou que, quando
subia as escadas para entrar na nave, ouviu estas palavras do Espírito Santo:
- Meu caro, onde pensa que está indo?
- Ora – retrucou o moço: - Estou indo para São Paulo!
- Taí uma coisa que não convém fazer.
- Mas eu tenho compromissos na capital paulista,
preciso fechar muitos negócios!
- Olha, o melhor que você tem a fazer é descer com sua
bagagem de mão e voltar pra casa.
O moço, que já estava recebendo as boas vindas do
comandante e da comissária de bordo, teve que se desculpar junto aos demais
passageiros que ainda subiam pela escada.
Voltando ao escritório em Porto Alegre, tomou
conhecimento da tragédia.
Muitos veem no relato um belíssimo exemplo de fé. Eu,
sem ter medo de passar por cretino, acho que essa história é um belíssimo
exemplo de egoísmo. O Espírito Santo não mencionou o risco de acidente com o
avião, mas nem precisava dizer, estava claro. E o que fez o moço do relato?
Salvou-se, enquanto que os outros se danaram. Em nenhum momento ele intercedeu
junto ao Espírito Santo pelos outros passageiros. Pode isso? Não tinha como
interceder pelos demais passageiros e tripulantes? Isso era o mínimo que ele
deveria fazer.
Nas vezes em que vou rezar e pedir algo a Deus, eu me
confundo todo. Quando peço por mim, não acho certo deixar de lado os parentes e
amigos. Depois, peço também pelos vizinhos e conhecidos; depois, lembro das
pessoas que sofrem de alguma maneira; ao fim, digo: Deus, estou rezando por
todo mundo.
Finalizando, só mais um exemplo de como a religião é
mais caso de polícia do que de Deus: um missionário está vendendo alguns
utensílios “sagrados” para quitar débitos de sua igreja: - 100 mil chaves a 300
reais cada; - lenços por 100 reais cada. Segundo o pastor, quem comprar uma
chave vai entrar em 2019 com “as portas escancaradas” e mais abençoado, pois a
chave é ungida com óleo de Israel. Sem comentário tamanha desfaçatez.
Etelvaldo Vieira de Melo
1 comentários:
Pois é¡ sem palavras!
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