Oh,
quão dura quarentena!
Nunca mais saio de casa. O
cabelo ficou branco, o verso até enrugou.
Quanto tempo aqui sozinha! Pode ser é faz de conta, o tal do Fake News.
Será que a China sabia? A
Itália, coitadinha. Nós todos, o filho comenta.
Porqueira, a televisão. Políticos vendidos. O preço do voto subiu? O
mundo caiu?
Olha que céu tão azul! Há gente na rua, claro. ‘Nem o pé fora de casa.’
- Eu.
Confinamento rimaria com finados? É.O verso quase rima ‘nados/nada...’.
‘A sua idade é de risco. Ponha a
máscara. É a comida’. (Chegou o elevador.).
Más caras essas, on-line. Quase caio, fazendo Pilates com cabo de vassoura.
O Salão Requinte fechou. Repara o tamanho das unhas. Celular pode cair.
Nunca mais reabro o Órgão. Poema, o vento levou. Lamento.
Oh, quão dura
quarentena...
- Vó, atende. Vó. Vovooooo´!
- Clara? É você, Ana Clara?
- Chamei cem vezes no vídeo.
- Fiz tanta conta... Chamou?
- Você disse: “O que mais amo é ver a sua dancinha.
Escolhi o bory de Coelha.
Você estava dormindo?”.
(Pegou o batom da Karine, os lápis para
os bigodes.).
- Ligou certo o seu
Skype? Ouve a música direito?
(E a China? O Corona vírus? Sonho ou verso de
pé quebrado?).
- Our Crazy Easter Dance! Pop
rock de que você gosta. Pop! Pop!
- Dance, mocinha. Dance muito
pra vovó. Ah, ah, ah! Essas orelhas...
- “...Happy Easter!”. Mãos abanando. Assim... Dobre o joelho, vovó...
Hoje é domingo de Páscoa. Ovo voa, vó.
No Além...”.
- Era essa a poesia que eu queria:
fantasia...
- Pois
esse é o nosso presente. Viva, viva hoje plenamente.
Profa Maria da Graça Rios
1 comentários:
Triste. Mas a vida sempre se esquiva com sua resistência olímpica e beleza!!!!
Postar um comentário