PAUSA


Caro ouvinte.

Gastei meu dia.

As árvores lá fora

se meditam.

Ai, frutos

que não tenho,

nem colhia.

Dia que nos fia

porfias no sudário

vário.

Espelhos de projeto

não vivido,

demos luz à parede?

Maybe.

Prometem deuses

um tempo templo

novo ovo pós-corona.

Krónos se anuncia

ou o hoje cega,

renega-nos,

sonhos nega?

Aí, pergunto:

Amigo, o que vivemos

em fátuos fás

fugas de bar?

Mar de sargaços?

Aço boreal?

Val de vau Vivaldi.

Não. Never. Jamais.

Urdimos por certo

sós,

ós pós solução

soluços sons ronrons

em tom de dó maior

quiçá menor.

Bravíssimo breve.

Semibreves

semínima hora demora

mora-nos nus agora.

Bravo! Bravo!

Maestrina,

tomo poesia:

eis minha/sua suave

suada sina.

No mais,

que há

de mim a mim

que sei seio de mi

e de si

lá? Lalá   laços.

Lalarilá sofejos

harpas harpejos

harmonia rocio cicio

cio via...

Ri! Aprume-se!

Já a bruma

me entrelaça

em vão suspiro.

VIVA! VIVA!

EIS A VIDA! Vivamos.

ALEVANTE-SE!

Onda aonde indo

inda hemos de saber

se, filhos da pauta,

apenas sonorizamos

jogo meu seu mel

fel fez flor,

cônjuge felá.

OuOuOu... eco...

Ecoou além vem,

venha.

Seco ruído ido,

delido compositor,

saiba:

Você me deu a nota

em ré bem sustenido.

Decimei sem medo.

Nenhum arremedo.

Ora, pois.

A presente poeta

então lhe exprime

saudade do É FOI SERÁ

futuros.

A Deus, adeus eu eus.

Somos mesmo

NÓS

de marinheiro

brasileiro lesa

leseiro.

Muito obrigada.

De nada.

Animada,

sou autora graciosa

ciosa do simulacro

simulador sem cor

do Quixote.

Graça Rios

2 comentários:

Lopes al'Cançado Rocha, o Cristiano disse...

Um jogo pesado brincando com ecos em intercontextos polissêmicos...

Isabela, princesa disse...

Costuma-se buscar a poesia que há nas músicas... mas o verdadeiro artista, imprime música na poesia. Toca o piano, toca os corações e toca a vida e dá vida à inanimada parede pálida. Tudo que ela produz é lindo. Tudo que ela produz inspira. Como não amar, a pessoa e sua arte?

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