ESPERANÇA E FÉ



A fé remove montanhas. Montanhas, esses monstros encantados erguidos das entranhas da terra. Afugentam os fracos e desafiam os fortes. Quanto mais elevadas, mais agressivas, temerárias e perigosas. Lançam de suas alturas pedras que vão rolando em suas encostas até atingirem a superfície plana. Inda há as mais agressivas que, às vezes em desespero, cospem fogo e lançam lavas incandescentes. Ameaçam tudo que estiver em seu caminho e em seu destino. Sua escalada é um convite para o fracasso e o perecimento, podendo chegar à morte. Quanto mais tentador o convite e a ansiedade de alcançar o seu topo, maior o desafio e o perigo. No afã ardente de conquistarem o objetivo, um lugar ao sol, muitos se lançam desesperadamente nessa aventura e acabam por embarcar em canoa furada. Esta, aos poucos, vai se afundando. Outros se precipitam e mal planejam a sua inconsequente escalada. Frustram seu objetivo. São levados ao desgosto, ao desgaste e à decadência. Costumam chegar à desgraça e à discórdia. A uma situação constrangedora, insustentável e de difícil solução. Prudência, coragem e esperança devem, então, se unir, como primeiras armas para o combate.  A esperança se sobrepõe às duas outras. A cabeça dos monstros só será atingida se dela resultar a fé. Chave, portanto, da esperança, a fé é crença inabalável de que o desejo, aspiração incontida, será efetiva e realmente satisfeito. Mas essa crença precisa ser abastecida e incrementada com o poder da oração. Não há quem consiga erguer uma pedra gigantesca, rolada das montanhas, se faltar a alavanca, o guindaste, o elemento que a impulsione. A fé e o poder da oração convocam os anjos da guarda, os salva-vidas que evitam o naufrágio da canoa furada e impedem o curso das ações precipitadas.

Sebastião Rios Jr.

5 comentários:

Eduardo Rios disse...

A fé..... ahhhhh a fé.... É muito além do que se vê. Quem são as montanhas perto da fé? Nada.. uma areia no oceano.

Lopes al'Cançado Rocha, o Cristiano disse...

Muito bem!São sonoros os sentidos apurados desses Rios montanheses, orgulho conterrâneo.

Lopes al'Cançado Rocha, o Cristiano disse...

A experiência brilha sempre ao lado da simplicidade. Texto simbólico, claro, coeso, coeso e consistente. Isso é mineiridade! Lição de pedra para os jovens e suas frouxas mineiranças de hoje. Fé e esperança para todos nós..

Dulce F. Lopes Lobato disse...

Amei. Que coisa linda! Esse texto serviu de uma bela alma para mim. Tem textos que nos ajuda em certos dias, a depender do que estamos vivendo.

Dulce F. Lopes Lobato disse...

Digo, bela aula para mim.

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