Engana-se quem pensa que filósofo vive no ‘mundo da lua’, preocupado tão
somente com questões aéreas e voláteis. Para mostrar que não é bem assim, vamos
recorrer ao exemplo de Francis Bacon, filósofo inglês que viveu por volta de
1500.
Além de cuidar das questões ditas filosóficas, através de seus célebres
Tratados, Bacon também se envolveu com a política, ocupando vários cargos. Daí,
como quase sempre acontece com quem é do ramo, acabou sendo acusado de
corrupção, tendo que pagar pesada multa, além de ser afastado da vida política.
A lembrança de Francis Bacon me ocorre por duas razões. A primeira é
uma pergunta que me faço: tem Bacon algo a ver com essa peça de carne de porco,
salgada e defumada, e que se tornou uma das maravilhas da culinária
mundial? Falando da peça de carne,
sabemos que o processo de defumação existe desde a Antiguidade; então, há quem
diga que foram os chineses que desenvolveram esse processo acerca de 4 mil anos.
No entanto, o bacon, tal como o conhecemos, acredita-se que foi inventado pelos
alemães, no período medieval. Quando os franceses levaram a receita dos
vizinhos alemães à Inglaterra, ela sofreu alterações. Os ingleses o produziam
de uma maneira muito próxima da que conhecemos hoje, um corte das costas do
animal desidratado com sal e defumado.
Aceitos esses dados históricos, concluo, com base em fortes suposições
(técnica de raciocínio que aprendi com Sérgio Moro, vulgo ‘Marreco de
Londrina’), que Francis Bacon era oriundo de uma família especializada em
criação de porcos, produzindo em larga escala o que era chamado de “bacon”.
Tanto isso é verdade, que passaram a adotar esse sobrenome, Bacon.
Avançando um pouco mais nessas suposições, ouso afirmar que o ator
norte-americano Kevin Bacon, astro de Footloose – Ritmo Louco e Rio
Selvagem, deve ser descendente do outro Bacon, o Francis. O que sei com
certeza é que, nos anos 2000, Kevin foi vítima de um golpe financeiro, onde
perdeu a maior parte de sua fortuna pessoal. Dessa experiência, ele tirou uma
bela lição de vida: - “Se algo é bom demais para ser verdade, é bom demais para
ser verdade. Em seus momentos difíceis, lembre-se de que sempre vai ter alguém
em situação muito pior do que você”.
Feitos os devidos reparos (que não sei se reparam alguma coisa) e
adendos, infere-se que o bacon não tem nada a ver com o Bacon, embora eu seja
levado a suspeitar que o Bacon derive do bacon.
A segunda razão de estar lembrando Francis Bacon vem de uma citação
sua, amigavelmente repassada por uma amiga. Diz ele: “Uma vez que o
entendimento de um homem se baseia em algo, seja porque é uma crença já aceita,
ou porque o agrada, isso atrai tudo à sua volta para apoiar e concordar com a
opinião adotada. Mesmo que um número maior de evidências contrárias seja
encontrado, ele as ignora ou desconsidera, ou faz distinções sutis para
rejeitá-las, preservando a autoridade imparcial de suas primeiras concepções”.
Segundo tal assertiva, uma pessoa aceita determinada informação desde
que ela alimente e fortaleça suas crenças anteriores. Essas crenças são tão
importantes que o cérebro faz tudo para protegê-las. E mesmo as evidências
contrárias são facilmente desconsideradas, ignoradas ou rejeitadas. Dois
exemplos tornam esta citação mais compreensível.
Primeiro: Durante culto em uma
igreja Assembleia de Deus, em Goiânia, Damares Alves, pastora e ex-ministra da
Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, afirmou que tem imagens de crianças
brasileiras que tiveram seus dentes arrancados para a prática de sexo oral. A
senadora eleita chegou a mencionar detalhes sórdidos que nem caberiam em filmes
proibidos para menores de 50 anos, muito menos em culto evangélico com presença
de adolescentes e crianças.
Sem entrar nos desdobramentos de tal declaração de uma mente doentia e corrompida, não menos chocante foi a pronta divulgação que o vídeo recebeu através das redes bolsonaristas, onde aquilo que era dito passava como verdade absoluta e denúncia da mais alta gravidade. É o que dizia Bacon: não importa a evidência contrária, o que interessa é o reforço de nossas próprias convicções. A mentira institucionalizada é o capim que alimenta esse tipo de gentalha.
Depois de sua fala repercutir de maneira intensa, provocando violentas
reações contrárias, Damares disconcordou com o que havia dito, alegando que
ouvira aquilo por aí. Por enquanto, não assistimos a nenhuma ação judicial incriminando
essa senhora de mente doentia e canalha.
Segundo: Depois de repercutir nas redes sociais a declaração de Jair
Bolsonaro ao jornal New York Times, anos atrás, de que toparia comer carne de
índio (“É para comer. Cozinha por dois, três dias, e come com banana. Eu queria
ver o índio sendo cozinhado... Eu comeria um índio sem problema nenhum”),
alguém saiu em defesa de seu mito imbrochável, dizendo: “Em qual parte da
Bíblia está escrito que o canibalismo é pecado?”
Então, você está vendo que não dá para argumentar com certo tipo de
pessoa: ela filtra as informações de acordo com suas conveniências e interesses,
chegando à estupidez de achar que o canibalismo não contraria princípios
cristãos; que Deus, ao mesmo tempo que pede amor ao próximo, não se incomoda
que você lhe dê um tiro de fuzil no meio da testa.
Etelvaldo Vieira de Melo
1 comentários:
“Para o pesquisador e professor João Cezar de Castro Rocha, o Brasil assiste à consolidação das condições para a instauração de um estado totalitário fundamentalista religioso. Este é o propósito da extrema-direita brasileira, que compartilha as mesmas estratégias de seus aliados transnacionais: o uso das plataformas de mídias digitais para a produção da dissonância cognitiva coletiva, um Brasil paralelo, que fratura a espinha dorsal dos valores verdadeiramente cristãos e democráticos.“.
Nesse momento essa eleição é importante para a preservação da humanidade, da Amazônia, mas quem liga pra isso? Os zumbis vivos querem ódio, e exalar suas vidas vazias em remédios pra conter a loucura, querem manter a falsa imagem e o seu dinheiro improdutivo e sujo no banco!! Parasitas do Estado, em sua maioria!
A porta do submundo foi aberta, e essa gente tá mostrando o que estava escondido no armário, mas agora, tem o mito que lhes dá voz!
E eu que não acreditava no diabo, e ele estava na família, no vizinho e num conhecido!
Nossa espécie não deu certo e estamos caminhando para um fim trágico civilizatório! 🥲
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