Maddona florentina nos convida a beirar caminhos
virtuosos. Passeemos, pois, na sagrada frondosa estrada. Interroguemos ao
aldeão se ali florescem vides. Se acolá brotam roseiras, palmas, romeiras. Se
há frutas dentro da escura sombra. Se a leiva outonal aguarda, doida doída,
pela grainha. Acastelemo-nos acima da macia alfombra do prado. Nasce Eros,
procurando verde alcatifa. Ele, fruto maduro dos numes Poros e Pênia, desliza
seminu sobre nenúfares. Abranda ventos Alísios. Coroa louras melenas, haurindo
cachos d’água miosótis. Cinge a real cintura com flores de lótus. Anexemos-lhe
nossos pés. Envereda-se, empíreo herói, por abismo, espinho, senda, a fim de
catar amora sob o místico aroma do Jardim dos Deuses. Ali, cirandinha, roda
rasas asas em torno d’Ave mansa. Súbito, pousa-lhe no ombro, ferido, gentil
passarinho. E voa e gorjeia e trina hinos, embora manchado na testa por divinal
sangue. Louvemos tão destemido cantor. A seguir, em par mimoseiam Rafael. O
angélico pintor os glorifica, modelando silvestre paisagem. Compoesita a favor
de ambos um arco-íris em forma de círculo, 8 semelhante à serpente que morde
seu próprio rabo. Recorda-se Jove: Eis Ouroboros, presente no enigmático ‘Livro
do Mundo Inferior.’ Ressentido, Filho do Éter aplica na tela detalhes
pseudo-autorais. A pincel de cinco cabelos, interrelaciona Hades, Olimpo,
Oceano, Terra, em completa harmonia. Afinal, aceitemos, Amor, penetrar nesse
augusto festim. Emudeçamo-nos lado a lado com o Menino Jesus, apoiados no colo
da Virgem.
Graça Rios
2 comentários:
A leitura dos vossos textos nos remete à reflexão. Somos eternos alunos.
Muitos presentes Deus me agraciou e continua faze-lo em minha vida, um deles é minha linda Madrinha Graças, eu Rios de alegria por isso. Te amo dindinha.
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