SIMULACRO DE UMA SOLIDÃO (39)


 

Segue-me: Há uma Tília cordata, árvore aromática, no meio do caminho. Bem feita de corpo, possui tronco teúdo bojudos seios. Um aroma noar desvia-lhe folhas amarelas até este limbo dourado. Conheço a força mágica da Natureza. Possuo rosto moreno-pérola, grandes olhos dulcorosos, fronte emoldurada por cabelos crespos. Meu nome, a saber? Lediça. Talvez creias apenas dele prenome limoso escorregadio. Deslize. Bispo movendo-se por todas as casas talvez lhe anotes acepção iridescente entre dois termos frutuosos por abrupta associação. Discuto contigo? Pois não. Talvez o releias como salto alto súbito de Rei capturado. Algo assim, tapando peneira. Perguntas-te, ainda, absorto em si menor: - Essa linguagem figurada existe? Resvalaria, feminina, pelo espaço repleto de furos, brechas, renda em arabesco? Mulher é prenda renda: desenho formoso macramé. Miosótis (grego: olho de rato). Filigrana. Vagonite com fita e pedra. Entanto, puxado o fio, some. Imagem. Fina forma, beleza, conjunto. Poderia com cordas amordaçá-la, à figura, utilizando práxis peças? Ah, ah, brinca a Pitonisa. Pensando bem, já estás jogado para a casa adjacente: - Lediça, sinônimo, Sacerdotisa. Oráculo que se adivinha, junto ao destino das pessoas, leitura dos astros. Dos vegetais. Das vísceras de animais mortos. Prendo-a nesta armadilha de braços e pernas? Não, feiticeira. Antes que me desenhes peça adversária, retornemos ao princípio não dito. Descrevo-me, ante teus horizontais olhos, bem talhada, louvada pelos povos da aldeia. Quando fui virgem, corri ao campo por segar flores. E daí? Daí, um moço de teu igual talhe e, quem sabe, de idêntico intuito diagonal, nota-me perfumada entre a(r)madas magnólias, descalças azaleias, plenas centáureas. Encorajado Rei, extrai do peito couraça, arco, aljava. Aproxima-se de ...

Graça Rios

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