UMA NOVA ARCA DE NOÉ...




O mundo não é humano por ser feito por pessoas,

mas só se torna humano

quando é objeto de uma conversa.

(Hannah Arendt)

 

Quando a gente sabe que está indo para frente ou para trás? E se pensarmos no Meio Ambiente? Hoje é o “Dia Mundial do Meio Ambiente”. Que caminhos estão traçados para a educação e preservação ambiental no Brasil? Será preciso uma nova Arca de Noé? Hoje, a sociedade apresenta desafios que tocam questões fundamentais – meio ambiente, paz, democracia, educação. Temas que exigem uma postura diferente e um olhar mais profundo da realidade. Temas que lembram líderes que lutaram por justiça, direitos humanos, políticos e sociais no Brasil- Dom Helder Câmara, Margarida Maria Alves, Zilda Arns, Manoel da Conceição, entre outros. Um detalhe a pensar: que líder nos causa entusiasmo, esperança e vontade de seguir? Um(a) músico(a), artista, religioso(a), jornalista, trabalhador(a), artista, político(a)? Mais que isso: “O líder é antes de tudo um forte”. Associa afeto e luta, encontro e partilha, respeito e verdade, razão e sabedoria, diálogo e humanidade. Abre caminhos para sonhos que pareciam adormecidos. O episódio no Senado Federal com a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, combinou violência, machismo, misoginia. Esta cena mostra como muitos políticos atuam com a intenção de desmobilizar projetos para melhores condições de vida. Mais ainda: são políticos que veem a realidade a partir de interesses hegemônicos, emoldurados pelo poder e pelo lucro. Como é atual o escritor Lima Barreto em seu livro “Policarpo Quaresma”. Confira: “Não é só a morte que nivela, a loucura, o crime e a moléstia também”. Há muito que fazer e pensar nas próximas eleições – mais que um regime político, a democracia é um regime de vida. Ainda continuamos com sérios problemas na realidade. A saúde da democracia está na qualidade de vida, nas escalas de valores que a sociedade estabelece com a “natureza”. Precisamos preservar a vida. Foi por essa causa que Marina Silva foi atacada e continua sendo alvo de ataques de políticos que não defendem as políticas públicas voltadas para a preservação ambiental e aprovam medidas que contribuem para avançar o agronegócio, a mineração, esvaziando o trabalho do IBAMA e de outros órgãos de proteção ambiental. A ofensa ao meio ambiente é ofensa ao ser humano. Com argumentos, classe e harmonia, a Ministra mostrou imperativos de ordem ética e apontou direções e metas. No entanto, regidos pela lógica do lucro capitalista, pelo produtivismo e consumismo, estes políticos perdem a razão, a compostura e o respeito. O Meio Ambiente que somos e em que vivemos carrega consigo complexas relações. Meio Ambiente é o ar que respiramos, os alimentos que consumimos. Comporta, ainda, as filas nas repartições públicas, as cidades cinzentas, o trânsito ruim, o desemprego, as cachoeiras, a pobreza e a violência nas periferias, a fauna, a flora, a música, a corrupção, as chuvas e inundações, o sonho de um futuro melhor, o futebol no domingo, o céu estrelado, as festas populares. Qual a previsão para o futuro? Para “adiar o fim do Brasil”, precisamos mudar as tábuas da Arca de Noé que compõem o Senado, a Câmara dos deputados e a linha de montagem de cada Estado. Uma nova reedição política fará bem para a “saúde” como também para a esquerda, a direita e o centrão. Assim, haverá projetos políticos justos e necessários para toda sociedade. Os “verdadeiros líderes” abrem propostas solidárias e estimulam ações a serviço da causa humana e do meio ambiente. Seus projetos giram em torno de temas fundamentais e simples do dia a dia - Liberdade, verdade, justiça e solidariedade. São os pontos cardeais dos “verdadeiros líderes”. Como se não bastasse, seus projetos se abrem para outras (novas) questões. Então, o novo não está só no que é dito, nem só no tempo (‘cronos’/idade), mas no acontecimento, na qualidade do tempo vivido (Kairós). Infelizmente, a avalanche de informações que recebemos diariamente não permite um discernimento e entendimento da complexidade que é o mundo de hoje. Para terminar: recriar as tábuas do mapa político, a nova Arca de Noé, é um caminho para garantir líderes políticos de verdade. E, com a COP30, em Belém do Pará, neste ano (2025), afinar democracia com educação, justiça com igualdade social, meio ambiente com território e pertencimento. Esse é o caminho - instituir a urgência de partilhas para todas as formas de vida.

(Prof. Mauro Passos)

DIVAGAÇÕES EM TORNO DE UM POTE DE DOCE DE LEITE SEM AÇÚCAR

 



“Assim, porque você é morno, não é frio nem quente, estou

 a ponto de vomitá-lo da minha boca.” (Apocalipse, 3:16)

 

Devagarzinho e comendo pelas beiradas, como convém a um bom mineiro, ele foi conquistando seu espaço, contando com a ajuda de poderes espirituais, temporais e, acidentalmente, ocasionais. Até se firmar como pop star, usando de seu charme discreto, ostentando sem ostentar, exibindo uma aparente modéstia – como é de praxe a quem acabara de entrar no seleto clube da pequena-burguesia, não aquela pseudo-burguesia, aquela que come salame e arrota caviar.

Especializou-se em oratória e música. Como orador, serviu-se de uma voz empostada, de tonalidade baixa, sem nunca subir o tom. Dissonante mesmo era seu jeito de construir frases em negativas, nunca desdizendo o que não queria dizer ao dizer algo, negando aquilo que dizia. Pode parecer confuso isso que estou dizendo, mas a plateia delirava – especialmente a feminina, maioria absoluta de seu fã-clube.

Como cantor, teve o cuidado de usar um repertório de músicas com poucos rompantes, mesmo porque seus recursos vocais não eram lá essas coisas, pedindo moderação e caldo de galinha nos agudos.

E, assim, ele foi indo, foi “fondo” (como diria um ex-jogador de futebol), consolidando sua fama, vendendo a imagem de um sujeito certinho e bem-comportado, tipo daquele bibelô que todo mundo quer para decorar a estante da sala de casa.

E, assim, dia sim e outro também, lá estava ele frequentando as redes sociais e canais de notícias, de amenidades e de futilidades. Até que ventos ferozes da política começaram a soprar violentamente e ele, tal qual uma avestruz, enfiou a cabeça num buraco, esperando a turbulência acalmar.

Quando deu as caras (para a revista Caras, inclusive), sentiu-se ressabiado, mas achou que sua ausência do bate-boca político tinha passado despercebida.

Foi desse modo, mas sentindo-se um tanto quanto baqueado psicologicamente e com crises de depressão, que o pop star voltou aos holofotes, sujeitando-se – para seu espanto – a alguns desagravos, tanto da direita como da esquerda, tanto de cima como de baixo.  Até chegar às páginas policiais de jornais e revistas. Tudo por conta de dois potes de doce de leite sem açúcar.

Por causa de um desacordo entre os preços exibidos na estante e os efetivamente cobrados em uma cafeteria, o moço levantou o tom, discutiu com o gerente, criou um bafafá, foi para as redes sociais, não quis abaixar o facho. Nessa troca de acusações de cá para lá e de lá para cá, o gerente passou a ser visto como bandido e foi logo demitido.

(A bem da verdade, o pop star disse depois que uma demissão sumária não era para tanto, pois quem erra merece uma segunda chance.)

No desdobramento do imbróglio, começaram os internautas a atacar o próprio pop star. Como resposta, em vez do cristão “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que falam”, ele disse que seus críticos são pessoas mal resolvidas, que usam do ódio para compensar suas frustrações; que exigem dele um posicionamento político, sem respeitarem seu direito de ficar em cima do muro; que está a um passo de desistir (certamente, de frequentar as redes sociais) e que o mundo virtual é a mais assertiva armadilha que o Diabo criou.

De tudo por tudo, você pode perguntar o que fica dessa narrativa.

Ingenaldo comentou:

- Que bom que o pop star se posicionou, foi assertivo, saiu de cima do muro para alguma coisa.

Ao que Ironildo completou:

  - Resta saber para que lado do muro ele está pulando.

De minha parte, eu digo assim:

- Não é para tanto essa ideia de se afastar das redes sociais. Penso que uma boa água benta para afastar o Diabo é a regulamentação das redes. Deixo aqui o convite para junte sua voz a de todos aqueles que lutam para que sejam criadas normas, coibindo as agressões, as manifestações de ódio e as mentiras (fake news) nos zap-zaps e outros mais. O país está se tornando tóxico por causa dessas redes, muita gente tem morrido por causa do ódio e da difamação propagados. E mais uma coisa: ficar em cima do muro é, sim, um posicionamento político. Quem fica em cima do muro se cala diante das coisas erradas e, como bem diz a sabedoria popular, “quem cala, consente”.

Mas eu gostei de sua fala sobre as redes sociais. Tomo a liberdade de transcrevê-la, mais uma vez:

O mundo virtual (com suas redes sociais) é a mais assertiva, a mais declarada armadilha que o Diabo criou.”

Etelvaldo Vieira de Melo


PESQUISA DE OPINIÃO: QUEM ESTÁ POR TRÁS E QUER LEVAR


 
Imagem: pathdoc/Shutterstock.com


(Sophia Flora)

Antes de falar sobre os INSTITUTOS DE PESQUISA, é primordial comentar alguns fatores que possam também induzir os eleitores ao erro.

ESTADO X BIG TECHS

O que nós vemos hoje, é uma queda de braço entre o Estado e as Big Techs. Todo mundo conectado nas redes sociais, sem regulação, no livre comércio de manipulação para eleger sempre a extrema direita ou a direita neoliberal.

O ministro Alexandre de Moraes enfrenta a extrema-direita digital, Elon Musk, Trump, Bolsonaro, pois as redes sociais estão sendo usadas para influenciar eleições.  Trump move um processo contra ele, através de sua empresa de mídia (como um presidente pode ter uma empresa de mídia?). Trump e a Rumble (plataforma digital) acusam o ministro de infringir a emenda da constituição americana , que garante liberdade de expressão (liberdade que não serviu pra Julian Assange, Edward Snowden e Daniel Ellsberg, que tiveram que se exilar em outros países).  

  de infringir a emenda da constituição americana - que garante liberdade de expressão (liberdade que não serviu para Julian Assange, Edward Snowden e Daniel Ellsberg, que tiveram que se exilar em outros países). 

Se Goebbels (ministro da propaganda de Hitler) tivesse hoje acesso ao X do Musk, os nazistas teriam conquistado o mundo.

E O BRASILCOM ISSO

O Brasil tem sido um campo de teste para os que buscam exercer poder político pela INTERNET, como acontece com Bolsonaro, que manipula a palavra LIBERDADE, fazendo os cérebros de 2ª-mão acreditarem na milícia digital como defensora da democracia. Bolsonaro fez uso indevido dos meios de comunicação e está inelegível também por abuso de poder.

A sociedade aceitou que as Big Techs não têm responsabilidade sobre quem posta os conteúdos ilegais e danosos no ambiente digital.

Não combatem a desinformação, o discurso de ódio, as mentiras e deram guarita ao gabinete do ódio bolsonarista, que usou o ódio e fake News porque engajam mais que a verdade.

Ora, os 3 sujeitos que são os donos das mídias mundiais, se sentaram ao lado do Trump no dia de sua posse, e já declararam que são de extrema direita; portanto, serão eles que elegerão os próximos presidentes no ocidente para atender a BURGUESIA. Lula caindo na popularidade, Bolsonaro na cadeia, abre-se a possibilidade para uma 3a via.

O GRANDE CAPITAL

Com certeza, a 3a via é o GRANDE CAPITAL BRASILEIRO, os maiores capitalistas, todos eles associados ao capital estrangeiro imperialista. É a Rede Globo, Banco Itaú, Bradesco, os banqueiros em geral, esse setor da burguesia brasileira que é o mais poderoso dentro do Brasil. 

Tal setor controla o Brasil desde e antes do golpe de 1964, pois os militares não têm inteligência para dar golpe sozinhos, eles foram só os instrumentos, não eram os donos da coisa. Eles só tinham a violência; quem sempre deu o golpe foi o tal MERCADO (banqueiros, grandes industriais e empresários em conluio com o imperialismo, aliados ao Estadão, Folha de São Paulo e Globo).

Os militares foram apenas as armas que eles usaram para dar o golpe, eles eram apenas os torturadores e assassinos do GRANDE CAPITAL. A mais recente constatação disso foi a frase de Bolsonaro no início de seu desgoverno: "Por ser capitão do exército, MINHA ESPECIALIDADE É MATAR".

Daí, veio a crise de 1974, e resolveram tirar os militares e jogaram o tal regime democrático, onde eles continuaram a dar as cartas no governo Sarney, que fazia parte do partido da ditadura.

Somente em 1989 o povo foi liberado para escolher seu candidato, com a eleição direta. Fizeram uma campanha suja contra Lula e a favor do delinquente Color, que a Globo nomeou de “caçador de marajás”, e ganharam a eleição. Mas a política neoliberal foi fracassada, e uma parte desse setor da burguesia derrubou o Color para colocar seu vice.

Em 1994, o Lula tinha quase 70% das intenções de votos Aí, eles lançaram, no meio da eleição, o Plano Real (essa espiral sem fim de juros para beneficiar o GRANDE CAPITAL/banqueiros) e elegeram o neoliberal FHC (que usou o plano de Itamar e Ricupero, como se fosse seu). Com 2 mandatos, FHC destruiu o Brasil, com o desemprego “chegando ao fundo do poço”, miséria total, milhões de pessoas morrendo de fome.

Na eleição seguinte, deixaram então o Lula ganhar, com a condição de colocar dois banqueiros no ministério da Economia, pensando que iriam controlar tudo e eleger um banqueiro no próximo eleição. Mas Lula fez crescer a economia, tirou o povo da fome e fez seu segundo mandato, conseguiu tornar Dilma presidente. Esse setor começou a encolher eleitoralmente, mas pensaram que, com Aécio, eliminariam Dilma e voltariam ao poder, no qual estavam desde sempre antes de Lula. Com o insucesso de Aécio, o Mercado deu o golpe na Dilma, por uma pedalada fiscal - da qual ela foi inocentada posteriormente ao impeachment. Temer assume, e o MERCADO com interesses escusos, faz a reforma Trabalhista - que retirou mais de 100 direitos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), Dois anos depois, em 2019, já no governo do hoje inelegível Jair Bolsonaro (PL-RJ), faz a reforma da Previdência, aumentando o tempo de contribuição e diminuindo os valores dos benefícios pagos aos segurados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A TERCEIRA VIA

Foi o Mercado que colocou o Guedes, o tal de “Posto Ipiranga”, que é um banqueiro, como ministro do Bolsonaro; Campos Neto ficou com o Banco Central. Já no governo Lula, esse ficou refém desse setor, que, agora, quer prender Bolsonaro para ganhar a eleição com a tal 3a via. Lula caindo na aprovação popular, enquanto todos os índices econômicos e sociais crescem. Prendem Bolsonaro, Lula afunda e a burguesia assume novamente. O STF trabalha para o imperialismo, para o MERCADO. Eleitor é um bando de ovelhas a serem pastoradas em uma direção, pensam os neoliberais golpistas.

Não existe mais direita e esquerda na política institucional, os andares de cima sempre vão continuar, mesmo a “Micheque” manobrando a fé do povo (um Jesus armado, o aborto é pecado, o congresso era do demônio agora é de Jesus, chamando o pobre de irmão para ter o voto dos evangélicos).

Enquanto afundam o Lula, o Bolsonaro vai para a cadeia, e o MERCADO se prepara para tomar conta com a tal terceira via. O plano é: NEM LULA, NEM BOLSONARO.

Uma constatação disso é o áudio vazado do Ciro Nogueira (do PP), no encontro dele com o pessoal do BANCO BTG da Faria Lima, dizendo que não era hora ainda de dar o impeachment no Lula, pois ele ainda tinha mais de 30% de aprovação (a Dilma, sim, tinha 7% e foi fácil).

Se o imperialismo brasileiro oferecer o que quer que seja, pode saber que alguma desgraça vai sair daí, porque dessa gente nunca saiu nada de bom, a não ser destruir o presente e o futuro do trabalhador.

Chegamos então à QUESTÃO, que é usada pelo GRANDE CAPITAL BRASILEIRO: INSTITUTOS DE PESQUISA!

INSTITUTO DE PESQUISA DE OPINIÃO PÚBLICA

Também eles CRIAM E MANIPULAM A OPINIÃO PÚBLICA, conforme mandam os banqueiros e a Grande Mídia.

O ano de 2026 vai ser um ano de pilantragem e falcatruas. Zumbis medicados com Diazepam, da 3a e 4a idades, com aquele verde-amarelo (que um dia me deu orgulho e hoje me causa asco) serão os principais voluntários "gadificados" da burguesia.

O jornalista Reynaldo J.A. Gonçalves, do 247, disse: "O que existe é pesquisismo: entre cenários improváveis e guerra híbrida em curso. A nova pesquisa Quaest expõe o pesquisismo. Manipulação da percepção pública, como uma arma na guerra híbrida informacional". Como ele define o pesquisismo: "A guerra híbrida se vale exatamente disso, ferramentas legais, veículos tradicionais e metodologias consagradas para reproduzir distorções profundas na percepção social. As pesquisas não são apenas demonstrações do estado das coisas, mas reflexos diretos de um fenômeno mais profundo. Nos últimos anos o comportamento eleitoral brasileiro, mesmo diante de políticas públicas concretas e efetivas, perdeu sua capacidade de compreensão da realidade objetiva, mergulhando em um estado profundo de dissonância cognitiva, descolados da realidade".

DATAFOLHA, numa última pesquisa, apurou que Lula é rejeitado por evangélicos, sulistas e mais ricos. Pessoalmente, acredito então que Lula está no caminho certo!

A QUEST divulgou uma pesquisa sobre a percepção dos brasileiros sobre Trump: 22% veem o Trump de forma positiva, 23% de forma regular, 43% de forma negativa, 12% não sabem; ou seja, o indivíduo que está deportando brasileiros e lotando aviões sem ar-condicionado e com as mãos algemadas, tem um total de 45% de tudo bem, e 43% não tá tudo bem, e 12% sei lá!

A questão é que essas pesquisas não estão captando algo concreto, objetivo, uma mudança real na opinião pública. Elas simplesmente refletem a PAUTA MIDIÁTICA DOMINANTE, os inimigos imaginários criados pela máquina da extrema direita (não vamos deixar o comunismo tomar conta do Brasil). Quando Reynaldo fala de dissonância cognitiva e mudança da percepção da realidade MIDIÁTICA, isso significa que essas pesquisas são repetitivas. Ele quer dizer que, esses números estão apenas mostrando que existe uma NARRATIVA DOMINANTE, UMA PAUTA DOMINANTE, que é a pauta da GRANDE MÍDIA. A esquerda coloca todas as suas fichas na LEI, na Polícia Federal, no STF para salvar o governo, e esquecem que foi o STF que deu o veredito final para prisão de Lula, proporcionou a eleição de Bolsonaro, e agora quer prender Bolsonaro, para proporcionar ao MERCADO a tal terceira via. 

Sabem quem é o dono da genial QUAEST, que a Globo utiliza para dizer que Lula está caindo e o inelegível está na disputa (coisa de doido)? É a Genial Investimentos! Sabe quem é o dono da Genial Investimentos? BANCO BRASIL PLURAL, ou seja, todos os banqueiros. o DATA FOLHA pertence à FOLHA DE SÃO DE PAULO, que pertence a um dos maiores banqueiros do Brasil! As pesquisas até agora estão sendo feitas no Rio, São Paulo e Sul do Brasil, onde Lula perdeu a eleição!

Tudo isso aliado à DISSONÂNCIA COGNITIVA e à pauta da extrema-direita no congresso: SÓ NÃO PODE TRIBUTAR OS MAIS RICOS!

Animem-se, 2026 está quase ali!

FRANCISCO E O POUSO DA SEMENTE

 


Nada é rígido para quem,

alternadamente, pensa e sonha.

(Bachelard)

 

No começo dos começos eram as trevas, os abismos, o caos e o vazio. Depois os caminhos foram se abrindo: pensamento com sonho, vida com paz, mundo com poesia. Era o (re)começo, o nascimento dos nascimentos. Era uma vez... Mas, ao longo dos anos, muita coisa mudou. Os verbos dialogar, compreender, solidarizar-se foram sendo esquecidos. Assim, a apologia do poder, rígida e segura de si, foi escurecendo a ciência e a sensibilidade. Com isso, foi construindo muros – obrigar, subjugar e dominar, com seus nutrientes ideológicos – gerando uma crise humana. No entanto, em vários tempos, líderes, profetas e místicos quebraram fronteiras, aparentes certezas e verdades instituídas. Embalados pela esperança, construíram novas veredas, pontes de acolhimento e partilha. Ordenaram os pedaços para o sonho de uma “Casa comum”. Nesse caminho, apareceu você, Francisco, com poesia, profecia e mística. Com espiritualidade e um sorriso franciscano, você lavrou outros começos para o mundo pensar, sentir e sonhar. Você, agora, volta para o começo dos nascimentos e deixa o pouso da semente para a construção de outro mundo – uma humanidade em saída.

(Mauro Passos)


QUEM CALÇARÁ AS SANDÁLIAS DO PESCADOR?


J. D. Vital e família com o Papa Francisco, em Roma
                                                                                                                    

J. D. Vital (*)

O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado da Santa Sé, desponta como favorito para suceder o Papa Francisco em um conclave que promete ser marcado pela incerteza em tempos conturbados e marcados por polarizações ideológicas e religiosas. Quem seria o nome certo para calçar as sandálias do Pescador?

Segundo as casas de apostas inglesas, o purpurado italiano lidera a lista dos “papabili”, com uma probabilidade de 4 por 1.

Solista de uma das mais longevas cortes diplomáticas do Ocidente, Pietro Parolin, aos 70 anos de idade, pode até brilhar como um cometa que transita nos céus de Roma há 12 anos, desde 2014, quando foi nomeado pelo pontífice argentino para o cargo equivalente a primeiro-ministro do Vaticano.

Ele não é, porém, a estrela de Belém que anunciaria a chegada de um sucessor de Jesus de Nazaré, capaz de sacudir e magnetizar a Igreja. E de chacoalhar os pilares do templo.

Entre os vaticanistas cresce a convicção de que a Igreja Católica terá de eleger um Barack Obama de mitra, caso queira surpreender o mundo, testemunhar a crença nos valores da igualdade e da diversidade e afastar qualquer suspeita de discriminação racial. Um papa, sem a tez europeia, representaria um choque de cristianismo em seu rebanho estimado em 1 bilhão e 400 milhões seguidores.

A Igreja já agiu assim no passado. Ela aplicou um golpe de mestre em cima da sociedade escravocrata de Minas Gerais há 135 anos. Nomeou em 1890 o padre Silvério Gomes Pimenta, um sacerdote negro e sábio nascido em Congonhas, como bispo auxiliar de Mariana. Mais tarde, Dom Silvério foi elevado pela Santa Sé a arcebispo.

Em momentos dramáticos da história humana, como os dias de intolerância, desunião e ódio que vivemos, um candidato diplomata costuma disputar com santos e profetas a preferência dos cardeais na Capela Sistina.

A habilidade do Secretário de Estado no trato de questões delicadas como a guerra da Ucrânia e as tensões entre os governos de Donald Trump, dos Estados Unidos, e XI Jinping, da China, reforça o cacife de Pietro Parolin. Resta saber se o prelado no topo das casas de aposta carrega consigo também as virtudes missionárias desejáveis em um novo papa, permitindo a reedição do conclave de 1958 que elegeu o cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, patriarca de Veneza, para suceder o Pio XII. O patriarca, então com 77 anos de idade, tomou o nome de João XXIII.

Roncalli integrava o quadro de emissários políticos da Igreja. Sua longa carreira diplomática, iniciada em 1925 como visitador apostólico na Bulgária e, em seguida, como delegado pontifício na Grécia e na Turquia, prosseguiu com sua nomeação em 1944 para o espinhoso posto de núncio apostólico em Paris, durante a ocupação da França pelas tropas de Adolf Hitler.

O arcebispo italiano serviu à Igreja, com diplomacia, santidade e compaixão. Salvou milhares de judeus perseguidos pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1953, o Vaticano o removeu de Champs Élysées, promovendo-o a cardeal e Patriarca de Veneza, antes de sua eleição para comandante da Igreja Católica. Na Basílica de São Pedro, João XXIII, o Papa Bom, de sorriso paternal, revolucionou a terra dos homens. Em apenas 4 anos e 218 dias de pontificado.

Convocou o Concílio Vaticano II. Renovou a face da Igreja. Abraçou o ecumenismo. Soprou a poeira milenar da tradição que se depositara nos altares. Iniciou uma era de transformações que resultaram na escolha do profeta argentino Jorge Mario Bergoglio como 266º sucessor de Pedro e responsável por mudanças radicais que buscaram a moralização da Cúria Romana, o fim do carreirismo eclesiástico. O jesuíta combateu os crimes de abuso sexual por parte do clero e abriu as portas da misericórdia aos divorciados e às minorias do LGBT.

Seria o melhor dos mundos, assim na terra como nos céus, se eleito, Pietro Parolin repetisse João XXIII e viesse a dar sequência ao legado de Francisco, o Bom Pastor. Continuasse a luta na defesa intransigente dos migrantes, dos deserdados e da ecologia. Levasse adiante a inclusão da mulher na administração da Igreja, como fez Francisco nomeando a freira Simona Brambilla para o Dicastério da Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, primeira mulher prefeita no Vaticano. Que não hesitasse na denúncia da injustiça social e dos conflitos armados da atualidade e fosse um instrumento da paz.

A eleição de um papa vindo do fim do mundo da África ou da Ásia seria mais midiática, com efeitos similares a aqueles desencadeados pela chegada de Barack Obama à Casa Branca. Funcionaria, segundo vaticanistas, como a célebre teoria do canadense Marshall McLuhan – “o meio é a mensagem”. Então, teríamos uma mensagem de compromisso com a diversidade e a universalidade estampada na testa do Santo Padre.

O impacto de um papa africano ou asiático, ainda que pudesse provocar novas rachaduras na Igreja, revitalizaria os ensinamentos do Evangelho de que todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus, em pé de igualdade. Aptos a servir e também a governar.

Até a eleição do argentino, os cardeais de fora da Europa e da América do Norte eram vistos com preconceito pela elite votante europeia. Como se fossem, na expressão italiana, “un figlio minorenne” - um filho menor de idade, segundo inconfidência do cardeal brasileiro Dom Paulo Evaristo Arns, de São Paulo, na saída do conclave que coroou o polonês Karol Wojtyla como Papa João Paulo II.

Papa Francisco fez a sua parte. Povoou o colégio dos cardeais, antes dominado por europeus, com representantes da África e da Ásia. Dos 30 cardeais africanos, 18 vão participar do próximo conclave, quase todos de nomes desconhecidos e de pronúncia difícil aos ouvidos ocidentais. Por exemplo, o arcebispo Protase Rugambwa, de Tabora, na Tanzânia. Ele ganhou o chapéu cardinalício em 30 de setembro de 2023 e tem experiência na burocracia vaticana, onde serviu como secretário do Dicastério para a Evangelização dos Povos.

O sudanês Stephen Ameyu Martin Mulla, nascido em 1964, também foi feito príncipe da Igreja por Francisco no consistório de 2023. É um clérigo letrado, com doutorado pela Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma. Chefia a arquidiocese de Juba, capital do Sudão do Sul.

Sempre lembrado, mas nunca votado, o cardeal de Gana, Dom Peter Kodwo Appiah Turkson, é cria do Papa João Paulo II que lhe deu o barrete vermelho em 2003. Desde então, Turkson frequenta a lista dos “papabili” a cada sucessão papal. Esta será sua última chance porque encontra-se na marca do pênalti: completa 77 anos de idade em outubro, e em três anos ficará inabilitado porque os cardeais com mais de 80 anos não podem participar do conclave.

Os asiáticos entram com uma bancada de 23 cardeais, entre eles uma estrela em ascensão, o cardeal filipino Luis Antonio Gokim Tagle, arcebispo de Manila, filho de mãe chinesa. Suas posições pastorais, particularmente o discurso a favor dos migrantes e contra a injustiça social na exploração dos trabalhadores, mulheres e crianças, despertaram a atenção dos vaticanistas. Bom de microfone, jovial e simpático, cabe-lhe, de forma emblemática, o epíteto de Barack Obama asiático. Ou de Francisco filipino, devido à admiração recíproca que cultivaram.

Gokim Tagle estudou e obteve o doutorado em Teologia no mais alto grau, “summa cum laude”, na Universidade Católica da América, em Washington, Estados Unidos. Bento XVI nomeou-o cardeal em 2012 e no ano seguinte, já no pontificado de Francisco, passou a integrar importantes dicastérios no Vaticano, como o da Evangelização e o Conselho da Seção das Relações com os Estados e Organizações Internacionais da Secretaria de Estado, presidida por Pietro Parolin.

O Espírito Santo, que ilumina as mentes e os corações, sopra suas preferências nos ouvidos cardinalícios, à revelia da opinião pública e   não tem por hábito se informar nos blogs dos vaticanistas. Por isso, ninguém sabe dizer quem usará o novo Anel do Pescador.

A barca de Pedro navega como um transatlântico colossal, incapaz de realizar manobras radicais e repentinas. Talvez, um nome que represente o meio termo entre a velha oligarquia católica europeia e as terras férteis de missão, nessa corrida eclesial, venha da minúscula comunidade católica de Ulaanbaatar, na longínqua Mongólia, berço do poderoso imperador Gengis Khan.

O cardeal Giorgio Marengo, nascido em 7 de junho de 1974 em Cuneo, na Itália, recebeu de Papa Francisco a missão de pastorear a “pequena Igreja da Mongólia”, dotada de apenas “9 locais de culto oficialmente reconhecidos pelas autoridades, espalhados por todo o país; 30 religiosas e 25 sacerdotes de diversas procedências, dois sacerdotes locais e cerca de 1.500 batizados”, segundo informou o site “Vatican News” dois anos atrás.

O budismo tibetano predomina no país de 3 milhões de habitantes. Giorgio Marengo foi enviado para evangelizar a Mongólia, onde a messe é grande e os operários são poucos. Talvez, os cardeais do conclave possam enxergar nele o missionário para reflorescer a Igreja no mundo contemporâneo.

(*) J. D. Vital é jornalista, escritor e membro da Academia Mineira de Letras

O VOO DA BORBOLETA E A PÁSCOA

 
Imagem: Pinterest

Páscoa é a crisálida que se transforma em

borboleta, para poder voar, para poder ser feliz.

Talvez por causa de sua delicadeza e colorido, geralmente poeta adora borboleta, ignorando o estrago que ela faz nos jardins e canteiros, botando seus ovos em folhas das plantas. Quando o ovo eclode, surge a dona larva ou lagarta, verdadeiro terror daquelas plantas mais delicadas, como acontece com a samambaia lá da área de casa, atacada periodicamente por esse bichinho, só perceptível por causa de seu cocô que se espalha pelo piso ao redor. O estrago na planta salta aos olhos, causando extremo desgosto em minha esposa, além de lhe provocar um estrago nas vistas de tanto ficar procurando um bichinho verde em meio a folhas verdes.

A lembrança de uma borboleta me ocorre quando estou me dirigindo para uma casa de ração do bairro, encarregado que fui de comprar um kg de adubo para planta, do tipo 10-10-10. Ele vai ser usado em alguns pés de limão e mexerica, infestados que estão por uma outra praga, uma tal de cochonilha. Esse inimigo das plantas costuma ficar na parte de baixo das folhas e dos brotos e constantemente produz uma substância pegajosa. Isso faz com que as folhas aparentem estar com cera na cobertura, e essa substância atrai formigas doceiras. “A relação entre cochonilhas e formigas doceiras é um exemplo de mutualismo, onde ambas as espécies se beneficiam da interação”, explica para mim a IA (e eu repasso prazerosamente para você). As cochonilhas liberam um líquido açucarado (honeydew) que as formigas doceiras utilizam como fonte de alimento. Em troca, as formigas protegem as cochonilhas de predadores e transportam-nas para locais mais favoráveis. A proteção das formigas permite que as cochonilhas se reproduzam e se desenvolvam, reduzindo a mortalidade por predadores. Já a planta, pobre coitada... (Foi daí, da observação desse fato da natureza, que veio o ditado, muito usado pela classe política: “uma mão lava a outra”, também conhecido como “é dando que se recebe” e “toma lá, dá cá”.)

Deixando de lado esses preâmbulos botânicos e arquitetônicos, quero dizer que cheguei lá na casa de ração, ela que, tempos atrás, vivia jogada às traças, sendo frequentada por quase ninguém. Isso se levarmos em consideração o testemunho de Waldick Soriano, que lamentava em sua música ser humilhado e desprezado feito cachorro. Hoje, com a ascensão social das espécies canina (“canis lúpus familiares”) e “felis catus” (eu ia escrever “gatuna”, mas a senhora IA muito educadamente me corrigiu), mudaram até o nome: de “Casa de Ração” passou a se chamar “Pet Shop”, com direito a um médico veterinário plantonista.

A história teria este desfecho se não fosse por um pequeno detalhe. Depois de pagar pelo adubo, o senhor dono da loja me falou:

- Feliz Páscoa para você.

Como ando revendo meus conceitos acerca de tudo, quis saber exatamente o que ele estava querendo dizer com aquela expressão. Pacientemente, o senhor me explicou:

- Entendo a Páscoa como uma borboleta que voa.

Curioso, uma vez que estava justamente pensando sobre borboletas, pedi para que me explicasse o que estava dizendo.

- A palavra páscoa significa passagem, mudança, travessia, libertação. E ninguém realiza melhor essa passagem do que a borboleta em suas quatro fases de vida: a de ovo, de larva ou lagarta, a de pupa ou crisálida e a de borboleta propriamente. Em sua terceira fase, ela – enquanto lagarta – se prende em uma superfície pela porção superior de seu corpo. Por meio de fios de seda produzidos, inicia-se a formação da crisálida. Essa é uma fase imóvel, que pode durar de uma a três semanas, e onde ocorrem as mais profundas mudanças, com a lagarta se preparando para transmutar em borboleta. É aí que vejo uma analogia com a nossa condição de seres humanos. Na vida, chega um momento em que devo me fechar, voltar para mim mesmo, buscando me libertar daquelas crostas em que os outros me moldaram, tentando direcionar o meu rumo. Através desse esforço, passo a ser eu mesmo, tomo minhas decisões e assumo suas consequências. Enfim, torno-me uma pessoa livre. E é nesse sentido que desejo para você uma Feliz Páscoa, ou seja, uma feliz travessia para uma vida nova, onde você será você mesmo, e não cópia dos outros; onde, com sua liberdade, irá construir as possibilidades de ser feliz. Porque a verdadeira felicidade só é possível para quem é livre. E a Páscoa é justamente essa passagem para a liberdade, a crisálida que se reinventa como borboleta, para poder voar, para poder ser feliz.

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Etelvaldo Vieira de Melo

CARTAS PARA THEO

 
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09/04/2025

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Theo,

O assunto de hoje é Economia.

O Mercado Financeiro, que por qualquer mentirinha dá tremelique, começou a semana à beira de um colapso nervoso, com as Bolsas de Valores do mundo todo em queda vertiginosa, proporcionando prejuízos imensos para seus apostadores ricaços.

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    Isso ocorreu por causa de um chamado “tarifaço”, uma sobretaxa de importação aplicada pelo governo dos Estados Unidos e que irá atingir mais de 180 países, seus parceiros comerciais. O presidente Trump alega que anda em desvantagem nos negócios, mais dando do que recebendo, e que chegou a hora de puxar a brasa para a sua sardinha, tudo em nome de uma tal reciprocidade (e que seria, na sua visão, como repartir um bolo na proporção de 5/1 - 1 para você, patinho, e 5 para mim, o leão). O resultado dessa ação pode ser uma recessão mundial com consequências imprevisíveis – avaliam analistas econômicos, essa categoria que mais acerta quando atua de profeta do acontecido.

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  - E eu com isso? – pode você perguntar, meu caro Theo.

Por nada, você pode sofrer algum tipo de consequência, já que o Brasil importa de quase tudo, brinquedos inclusive.

Por outro lado, você pode ver como o avanço científico em muitos aspectos não foi acompanhado por uma melhoria nas relações humanas. Assim, deixamos de ser pessoas e passamos a ser catalogados como indivíduos, rotulados por números, onde cada um vive fechado em si mesmo, pouco se incomodando com os outros, vendendo sua liberdade a troco de segurança.

Veja o caso da amizade. Hoje, onde o que vale é o jogo de aparências, está se tornando cada vez mais difícil construir uma verdadeira amizade, ela que exige atenção, cuidado, respeito. É por isso que as muitas naufragam diante de uma simples palavra mal compreendida, um simples gesto mal interpretado ou uma ação descuidada.



É isso aí, Theo. Por hoje é só. Quanto aos governantes, vamos torcer para que tomem juízo e trabalhem na construção da Paz, da Justiça e da Harmonia. Para você, desejo boas amizades, que elas lhe sirvam de apoio e estímulo na construção de sua felicidade; que ideias negativas não destruam aquilo que você tem como bom e verdadeiro.

Paz e Bem.

Seu avô.

Etelvaldo Vieira de Melo


SOLAR CALÇADO, ASSOVIAR E CHUPAR CANA


 
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Quando Sócrates ia para a praça (ÁGORA) fazer preleções para os jovens atenienses, costumava passar em frente a uma sapataria. Sócrates conhecia o sapateiro, tendo inclusive lhe encomendado alguns pares de sandália. Sabendo que o amigo não andava com as finanças em “céu de brigadeiro”, o sapateiro nada lhe cobrava, só pedindo para que Sócrates mencionasse seu comércio enquanto discursava (inaugurando já naquele tempo, mais de 2 mil e quatrocentos anos, o que hoje chamamos de merchandising). Pois foi assim, enquanto fazia parto das ideias, com sua maiêutica, e exercitava sua famosa ironia, que Sócrates passou a fazer referências ao sapateiro como aquele que tem competência para produzir um calçado. Ele usava esse argumento para provar que o governo da cidade deveria ficar nas mãos dos mais competentes, e não daqueles comedores de leite condensado e espetinho de camarão.  Ele era tão repetitivo nessa argumentação que aconteceu de um velho conhecido lhe dizer:

- E aí, Sócrates, ainda contando a velha história do sapateiro?

Esse mesmo conhecido, participando de uma preleção de Sócrates, perguntou-lhe:

- E aí, Sócrates, pode me dizer se peixe fecha os olhos quando dorme?

- Não sei dizer, respondeu Sócrates prontamente.

- Como assim, não sabe dizer! Você não é o senhor Sabe Tudo, o homem mais sábio de Atenas?

(Como pode ver, esse conhecido era bem encrenqueiro e provocador.)

- Olha, meu amigo – filosofou Sócrates, controlando-se para não esgoelar o outro, - o que eu sei é que nada sei.

Estou fazendo essa referência histórica, com base em alguns fatos e em muita fantasia, como forma de resposta para aqueles que, vira e mexe, implicam de eu estar sempre falando das caminhadas que faço pelas ruas do bairro, encontrando com alguns amigos e indo até o Sacolão Gigante, aquele que é grande no tamanho e baixinho nos preços. Outra referência é minhas idas de ônibus até o centro da cidade, onde, invariavelmente, faço compras em farmácias e no Mercado Central.

Foi isso que aconteceu naquela sexta-feira, quando me dispus a ir até um tal de “BH Resolve”, para renovar a carteira de passe-livre nos ônibus.

Andando pelo centro da cidade, notei que ele estava vazio, quase que jogado às moscas (o que seria verdadeiro no sentido literal, tal a sujeira pelas ruas e calçadas). Ver aquilo fez mal para minhas vistas, pois estava costumado com um “belo horizonte” e aquilo ali estava feio demais.

Renovada a carteira por mais três anos, saí quase correndo em direção ao Mercado Central, sabendo que ali a vista seria bem melhor.

Quando chegava ao Mercado, fui surpreendido por uma senhora a dizer:

- Nossa, que alegria!

 Ouvindo aquilo, me dei conta de que estava assoviando, um hábito que me incomoda muito. Acho que é um tique nervoso adquirido já faz algum tempo, desde que passei a usar um aparelho auditivo. No início, assoviava aquelas músicas de bangue-bangue à italiana (tipo “Quando Explode a Vingança”, de Ennio Morricone em filme de Sergio Leone). Depois, passeio a diversificar o repertório, indo de música brega até os clássicos. Minha esposa implica muito comigo, dizendo que fico dando bobeira na rua, parecendo um débil mental.

- Puxa vida! – falei constrangido para a senhora. – Não é que minha esposa acabou de me recomendar para ficar de bico fechado?

- Mas o que é que tem? – falou a mulher, sorrindo à “bandeira despregada”. – Assoviar é sinal de alegria.

- Bom, no meu caso acho que é um tique nervoso.

- Pois, então! Quem dera se todo mundo que tem um tique nervoso saísse por aí assoviando! O que as pessoas mais fazem é saírem atirando. Mas como é seu nome mesmo?

- Eleutério.

- Pois, então, parabéns para você, senhor Eleutério. Continue distribuindo seus assovios.

Foi então que nos despedimos, ela ficando na primeira loja de queijos. Eu fui até mais adiante, nos Laticínios Irmãos Costa, onde comprei doce de leite com nata, um queijo canastra e outro sem lactose.

Quando voltei para casa, estava naquela dúvida se continuava assoviando ou se comprava de vez um revólver. Também pensei na possibilidade de chupar cana, pois dizem que não tem como uma pessoa chupar cana e assoviar ao mesmo tempo. Contudo, essa hipótese foi descartada de imediato, uma vez que não possuo mais dentes apropriados para isso. Agora, estou dentro se for para degustar um destilado de cana. Aí, vou ter que comprar daquelas garrafinhas de aço inox para carregar a bebida, daquelas que vejo muito em filmes e que acho chique toda vida.

Etelvaldo Vieira de Melo

O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) CORRE MAIS QUE A BOLA



Tudo me assegura que,

no futebol como na vida,

nada pior que bolas na trave.

(Roberto DaMatta)

Pronto: é preciso continuar perguntando - “Que país é este”? Nesta semana foram duas goleadas. A primeira da Argentina: 4 a 1. Assim, “era uma vez a seleção brasileira”. Sonhou como quem sonha com a vitória, num sorteio de loteria, sem ter comprado o bilhete. No dia seguinte, quarta-feira (não de cinzas), uma segunda goleada: 5 a 0 do STF. Como sempre, a culpa é do juiz (dos juízes), segundo o ateísmo dos vencidos. Um ponto a destacar: no futebol, os “hermanos” mostraram um ardor combativo e disciplinado – em equipe. Já os brasileiros jogaram contra eles mesmos, num narcisismo concreto. A segunda goleada – 5 a 0 – não teve bola na trave. Os juízes do STF com ética, normas, leis, provas, argumentos e lógica venceram com brio e afeição os ataques à democracia, o golpe de Estado, a deterioração do patrimônio público. Um detalhe: crimes emoldurados com a mentira (fake news) – “ama seca da verdade”. Em nome da democracia muito bem já foi feito como também muito mal. Mas democracia é construção, é aquilo que fizermos dela, por isso, requer cuidado em todos os níveis. É sempre uma obra em construção. Mais ainda: é na extensão do olhar, com obstáculos e problemas, que se encontra luz para avançar nessa construção. Assim, os dois futuros – o futuro do desejo e o futuro da luta e da utopia – que a razão humana não separa, fazem parte do projeto democrático. Que outras goleadas venham para a construção de um Brasil justo e igualitário, com menos (des)humanidades e mais oportunidades para todos! Termino com um pensamento de Pedro Abelardo: “A primeira chave da sabedoria é a interrogação assídua e frequente. É duvidando que se chega à investigação, e investigando se chega à verdade”.

(Prof. Mauro Passos)


UM PESO E DUAS MEDIDAS

 

 Estou me lembrando de uma notícia de 2021 falando da prisão de uma mulher, após furtar alimentos avaliados em R$21,69 em supermercado de São Paulo. A juíza responsável pelo caso negou por duas vezes sua liberdade, até que um ministro do STF revogou a prisão, com base no “princípio da insignificância”.

Enquanto a mulher em questão “comia o pão que o diabo amassou” com o rabo, assistíamos a políticos terem processos por roubo e afins arquivados, por graça de recursos e da chamada “vista ao processo” (todos os crimes possuem prazo prescricional de 12 anos; o infrator tendo mais de 70 anos, seu prazo passa a ser de 6 anos).

Em maio de 2023, Fernando Collor de Melo, o “Caçador de Marajás” da Globo, foi condenado a 8 anos e 10 meses de prisão pelo STF por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele entrou com recurso e só será preso quando não houver mais possibilidades... de recursos, ou seja, no Dia de São Nunca. Ao fim de tudo, como acompanhamento para a pizza, é bem capaz dele receber uma gorda indenização por “danos morais” (uma coisa que pobre não pode alegar, uma vez que nunca vi pobre fazer uma coisa assim - requerer indenização por danos morais - e, mesmo se o fizer, o valor pago não deve ultrapassar a quantia de R$10,00, que pobre não tem moral para mais do que isso).

Tais exemplos servem como ilustração para a fábula apresentada abaixo.

 

A GRALHA E A OVELHA (*)

Pousando sobre uma ovelha, certa gralha começou a dar-lhe bicadas e a arrancar-lhe a lã.

Muito magoada, falou a ovelha:

- Você faz assim comigo, que sou fraca e indefesa. Mas haverá de encontrar um cão, que lhe dará o pago, disso tenho certeza.

- Não há perigo, pode anotar – respondeu a gralha, gralhando risada. – Sei muito bem a quem devo respeitar e de quem posso zombar.

Moral:

Assim parecem certos magistrados na aplicação da lei: para alguns infratores, a reverência e o respeito; para outros, o deboche e os rigores das penas.

(*) Releitura de uma fábula de Esopo

Etelvaldo Vieira de Melo