Imagem: hypescience.com |
Não pude ver a lua.
Abri a janela
mas as grades impediram
a visão do satélite.
Desci ao portão
(vigie o ladrão)
Olhei para cima.
Os prédios rebeldes
fizeram-me a roda
então nada vi.
Não há nenhuma lua
pensei, automobilando-me
no alto dos edifícios.
Forçando os olhos
tentava ultrapassar
os painéis de cimento.
Em vão.
Súbito, me surpreendo.
Vejo luas de fato
várias luas brilhando.
Quem eram as luas
redondas e azuis
que eu não lera na
mídia?
Apenas os faróis
talvez de TV
me espiavam luminosos.
Eu queria ver a lua.
Acreditava sem dúvida
que existia uma lua
única e feiticeira
da noite de agosto.
Uma luz piscou
e rápida filmou
a mulher pequenina
lá embaixo um pontinho
no meio da rua.
Parecia novela
cena de mistério
de canal do outro mundo.
Não pude ver a lua.
Ela só apareceu no sonho
confusa
pálida de sono.
Só no sonho
havia Lua
porém sem estrelas
nem sentimento.
De manhã veio o sol:
convidei-o e não aceitou
botar algum raio
para dentro do quarto.
O frio sombrio
lembrou sem reservas
de que lua é mentira
história da carocha
para quem não acredita
em sonos perdidos
no quadrado da cela
do meu apartamento.
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