DO BEM QUE SEMPRE DURA E É PRESENTE

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Imagem: valiteratura.blogspot.com.br
Posso escrever os versos mais tristes nesta noite.
Escrever, por exemplo: “Gosto quando te calas porque estás ausente”;
depois  morrer de gozo
(desconsideradas as pausas que não deram certo).
Sucede q nunca sou felicíssima com tais seios, as unhas,
e a dor me faz gritar, diante de tanta desgraça.
Porém, por gosto das amorosas restantes prendas,
resolvo  contemplar o arco do mundo, do portal
e da sobrancelha.
Oh, que doce bolo é o q se chama graça:
quem sem ela passa é só fogaça
(ficam-lhe os vales a  seus pés rendidos).
Se nos pélagos fracassos, anjo da sombra,
o  teu valor se abala,
vença-te  o nojo algum cantor da Arcádia
sobre as nuvens, na cima recrescida.
Uma alma igual à tua, tão singela e rude,
não  posso negar, meu coração abrasa.
É que a velha ternura  brasileira,
apesar dos maus seios ou das unhas...

...Muito me estou sofrida nos últimos dias,
bêbada  de nossa  ternura brasileira!
Graça Rios

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