Por
favor, não diga que isso é bobagem.
Frequentemente me
pergunto se não ando refletindo sobre obviedades, se não estou afirmando coisas
que todo mundo anda cansado de saber. Entretanto, quando vejo pessoas agindo
como se fossem cegas, sendo facilmente manipuladas pela chamada “Grande
Imprensa” e por moralistas que se arvoram como donos da Justiça, penso que não
só tenho o direito como também é meu dever trazer esses temas às claras, à luz do
Sol e da Verdade.
Em vídeos sobre costumes
em certos países europeus é frequente os repórteres ficarem abismados diante de
exemplos de honestidade: comércios sem vendedores, onde os próprios fregueses
efetuam os pagamentos, bancas de revistas sem jornaleiros, catracas de metrô
sem fiscal, e por aí afora.
A explicação para
isso nem sempre é declarada. O que a gente vê é um morador perguntar, quando
questionado por não ser nem um tiquinho desonesto:
- Por que haveria de
agir assim, querendo me apropriar do que não é meu?
Dá inveja ver gente
assim, não é? Tentando entender o que está por trás disso, vejo que os motivos
vão além de caráter, índole ou natureza. Aqui no Brasil, é costume as pessoas
pensarem desta maneira: o brasileiro tem uma índole desonesta por causa dos
elementos que entraram na formação de seu caráter: o branco português, o índio
tupiniquim e o negro vindo da Costa Africana. Da mistura, saiu um povo cordato
(?), alegre (?), afetivo (?), mas que também quer ser esperto e um pouco
desonesto, trambiqueiro.
Acredito que a
diferença de comportamento entre brasileiros e pessoas desses países não se
deve tão somente à genética ou à herança cultural. Ela pode ser explicada pelo
fato de que, nesses países, se pratica a justiça social (depois vou me alongar
no tema, explicando o que entendo por “justiça social”). Já no Brasil, a renda
é mal distribuída, concentrando-se nas mãos de uma minoria, enquanto grande
parte vive com dificuldades e outros experimentam a degradação, a miséria (em
2017, 10% dos brasileiros detinham 43,3% da renda total do país; na outra
ponta, os 10% mais pobres detinham apenas 0,7% da renda total).
Nos países europeus
vistos em reportagens, não há disparidade de salários e o filho de um
trabalhador braçal pode ser encontrado estudando na mesma escola do filho de um
empresário ou de um político. A população não se sente usurpada ao ter que
pagar seus impostos, pois sabe e vê que os valores serão revertidos em
benefício de todos. Aqui no Brasil, ninguém quer saber de pagar impostos, mesmo
porque as taxas praticadas são das maiores do mundo (pesquisas apontam que ele
é o 7º maior cobrador de impostos no ranking mundial e o primeiro com pior
retorno à população do dinheiro arrecadado). Aqui no Brasil, pobres e ricos
vivem em mundos diferentes, enquanto que parcela da classe média arrota
arrogância, não querendo que os menos favorecidos tenham melhores condições de
vida.
O capitalismo é, por
natureza, fator de desequilíbrio social. No entanto, aqui, onde assume ares
selvagens, a tensão social é exacerbada, com os ricos pisoteando a classe
média, que se volta contra os pobres e os miseráveis.
Assim, assistimos a
uma professora universitária (!) se sentindo incomodada com o fato de uma
pessoa simples estar viajando de avião:
- O que este sujeito
está fazendo no aeroporto? Não sabe que aqui não é seu lugar? – ela fala para
um colega.
Do mesmo modo, um
metido a rico (e a besta) se sente ameaçado com o caseiro de seu sítio:
- Imagine que ele tem
um carro e uma moto! – fala em tom de deboche.
O capitalismo
envenena as pessoas. Se a gente não tomar cuidado, acaba se tornando um
imbecil, ao ponto de não concordar com o bem estar, o sucesso e a felicidade
dos menos favorecidos.
Seria bom que todos
pensassem assim: quanto mais pessoas viverem com dignidade, melhor será este
mundo, maior será a paz, menor será a violência, maior será a alegria, mais
colorido terá a vida.
Sonho com um mundo
assim. Sei que ele será possível quando houver justiça social. E este será o
tema da próxima reflexão.
Etelvaldo Vieira de Melo
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