Muitas
vezes um detalhe nos ajuda a entender o todo. A função do cronista é chamar
nossa atenção para detalhes que passam despercebidos.
Quando
despontou no cenário político brasileiro como candidato a presidente da república,
Jair Messias Bolsonaro era visto com desconfiança pela chamada “gente de bem”.
Aquele que é hoje chamado de “O Mito", na época era tido mais como “O
Mico”. A Direita Raivosa, que acabara de sair do armário, ainda relutava em
revelar sua verdadeira fisionomia. Desse modo, fugia do Jair como o diabo foge
da cruz.
Foi
por esse tempo – eu não me esqueço, embora a imprensa tenha deletado o fato –
foi por esse tempo, repito, que o senhor Sérgio Moro, então meritíssimo juiz,
cruzou casualmente com o então emergente candidato. O fato se deu no saguão de
um aeroporto. Bolsonaro, ao ver o pop-star Sérgio, se aproximou todo
sorridente, querendo um cumprimento. O noticiário da época (não sei se a
revista homônima estava junto) destacou o fato, que ficou gravado na minha
desgastada memória. O então juiz, todo constrangido, fingiu não ver, e o caso
ficou por isso mesmo (Ver: Bolsonaro bate continência para Moro e reação do
juiz viraliza – exame.abril.com.br 31/03/2017; Bolsonaro ficou chateado com
Moro ao ser ignorado por ele em aeroporto – folha.uol.com.br).
O
tempo passou e o Mico, graças a anabolizantes importados dos Estados Unidos (fake
news), acabou se transformando num gorila. E ganhou a eleição.
Então,
como dizem as más línguas, “o sabiá mudou de cantiga”: com Bolsonaro lá em
cima, o “cordão de puxas-saco” foi aumentando cada vez mais. Como diria Cony,
aderir faz parte do caráter do brasileiro.
Ao
final deste singelo e despretensioso relato, só quero registrar uma revelação:
sabe quem também acabou aderindo? Ele
mesmo, aquele que dizia que não se misturava, que recusava ser tratado como
farinha do mesmo saco, o senhor Sérgio Moro, agraciado com um ministério.
Aquele que dizia jamais entrar no jogo político, está lá nadando de braçada.
Se
alguém lhe chamar a atenção, dizendo que é uma incoerência (no mínimo) da parte
dele assumir um cargo político, Moro talvez diga que não vem ao caso.
Se não
vem ao caso eu não sei. Sei mesmo é que o senhor ex-juiz tem razão num ponto:
novos tempos pedem novas atitudes. Novas atitudes que dependem do caráter e da
coerência de cada um.
Etelvaldo Vieira de Melo
3 comentários:
Novos textos fazem reviver velhas lembranças. Brilhante reflexão.
Que memória hem, cronista? Parabéns!!!!
Eu aqui refletindo....
Sua memória está perfeita. Melhor que a minha e da maioria dos brasileiros. Espero que esse novo governo trabalhe MESMO a favor do nosso povo. Estou cansada De ver pessoas morrendo pelos corredores de hospital. Enfermeiras escolhendo para quem ela vai dar a morfina, já que só tem uma dose. Latrocínio. Ficamos reféns dentro de nosso lar. A segurança pública está uma vergonha, da e educação tenho até vergonha de falar. Que seja um novo tempo com novas atitudes verdadeiras a favor dessa nação chamada BRASIL.
Márcia Costa.
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