CARTA PARA SENHOR FÁBIO

Belo Horizonte, 27/01/2018
Prezado Senhor Fábio.
Alheios ao espetáculo de ressurreição florida e limpidez das fontes oferecido recentemente pela VALE na Praça da Liberdade, mineiros e brasileiros preferem atender às brumosas sombras de lodo e perecimento ocorridas no Estado. Sói acontecer tal brutalidade entre os humanos. Drummond nos relembra, in Congresso Internacional do Medo: “Os ombros suportam o mundo./ Em vão tentamos nos explicar, os muros são surdos.”. E n’ A Flor e a Náusea: “Podemos, sem armas, revoltar-nos? Não, o tempo não chegou de completa justiça.”.
Digo-lhe, entretanto, amigo Schvartsman: Talvez muito durem ainda os respingos de lama endereçados à sua grata persona. Emissários de Tânatos hão de visitá-lo em horas noturnas, ansiando pelo amorável corpo de V. Sa. Ouça, nesse instante, a voz doutora de Santa Teresa de Ávila:
Nada te perturbe,
nada te amedronte.
Tudo passa,
   a paciência tudo alcança.
    A quem tem Deus nada falta.
Só Deus basta!
Prossiga, segundo Carlos in Claro Enigma, no mister de “sempre e até de olhos vidrados, amar/ o inóspito, o cru,/ a água implícita, a sede infinita (dos irmãos),  porque “(...) Para fora do tempo/ (o senhor) arrasta seus despojos./ Amor é privilégio de maduros,/ doação ilimitada a uma completa ingratidão.
Nós, os perseverantes, juramos continuar no afã de assisti-lo durante e depois de todas e quaisquer aflições.
Aceite a minha ternura.
                                                Maria da Graça Rios
Escritora e profa. concursada  pela FALE/UFMG.
PS: Adaptei devidamente os versos do mineiro Carlos, conforme a necessidade.
Graça Rios

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