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Entre os jogadores de futebol que fizeram sucesso no Brasil e no
exterior, tivemos aquele que era dentuço e feio, uma coisa como consequência da
outra. Quando jogava bola, tinha costume de usar uma faixa na cabeça e amarrar
os cabelos no formato de rabo de cavalo. Tudo isso amenizava sua aparência,
tornando-o menos feio e até simpático. Uma de suas jogadas características era passar
a mão no rabo de cavalo, arreganhar os dentes (como se fosse fungar), olhar
intensamente na direção de um companheiro de equipe e lançar a bola para outro,
que estava no extremo oposto. A jogada geralmente dava resultado, pegando a
defesa adversária desprevenida.
Hoje, ele já dependurou a chuteira, mas não conseguiu abandonar de vez
seu cacoete. Por isso, ele se casou com
duas mulheres, mesmo não sendo mórmon. Desse modo, ele pode mirar numa e jogar
a bola na outra.
Até hoje ninguém fez essa leitura para seu casamento exótico. Estou
fazendo agora, sem pretender fazer registro de patente para ganhar alguns
royalties.
Como você pode perceber, tudo na vida tem uma explicação lógica, até
comportamentos estranhos de animais.
Foi o que aconteceu lá em casa, com a “visita” de cinco saguis.
Tenho o sagui, ou mico, na conta do mais simpático dos primatas. Os que
apareceram no pé de jabuticaba fizeram jus à fama: com olhares aparentemente
assustados, faziam trejeitos engraçados que nos faziam rir, a minha esposa e eu.
De repente, dois desapareceram de nosso campo de visão, enquanto que os outros
pularam para um pé de lichia e, de lá, continuaram com suas artimanhas. Até que
resolveram ir embora.
Comentávamos sobre o prazer daquela visita quando, em certo momento, me
dei conta de que havia algo errado. Falei para Dozolina, minha esposa:
- Cadê o belguinha?
O canário belga era meu pássaro de estimação, que ficava numa gaiola na
área da casa.
Fui ver e só encontrei penas no fundo da gaiola. O belguinha já era. Foi
quando percebemos o propósito da visita dos simpáticos miquinhos.
Nos tempos atuais, andam acontecendo coisas que me fazem lembrar aquele
jogador dentuço e os saguis. Os atuais governantes teimam em olhar intensamente
numa direção, como se quisessem que o povo também olhasse para lá. E o povo
fica olhando, fica olhando prum pé de goiaba, preocupado se veste de azul ou
rosa, querendo saber se o brasileiro é mesmo canibal, que gosta de roubar, fazendo
as contas pra ver quantas armas poderá comprar.
Vejo que, enquanto uns ficam apontando o dedo pro céu, a bola está
sendo lançada para outros jogadores marcarem seus gols contra os trabalhadores,
contra a previdência e a aposentadoria (já ouviu falar de uma tal carteira de
trabalho “verde-amarela”, com trabalho sem férias e sem 13º salário,
aposentadoria só com o que o próprio trabalhador puder poupar?), contra o meio
ambiente a as reservas nacionais. Nesse jogo, tem muito macaquinho fazendo
macaquices, desviando as atenções para que outros macacos acabem, quem diria,
até mesmo com os belgas, aqueles amarelinhos que foram pra avenida soprar seus
apitos e bater suas panelas!
Amador, aquele amigo que anda sumido de meu campo de visão, contou que,
certa vez, estando em um barzinho, percebeu que uma moça, muito bem apanhada,
sentada ao lado de um rapaz, olhava insistentemente na sua direção. Ele, que
até então se achava um galo conquistador, foi cacarejando em direção da menina.
A uns três passos de distância é que foi perceber seu equívoco: a moça era completamente
caolha, estrábica. Voltando sobre seus passos, foi pedir ao garçom uma dose dupla
de cachaça, para afogar sua frustração.
Os tempos atuais estão assim estranhos, muito estranhos. A gente
precisa tomar cuidado para saber quem está fazendo macaquice, quem é estrábico
e quem só está fingindo, tentando nos fazer de trouxas. Por isso, é preciso ter
os olhos bem abertos. No mínimo, pra não ter que pagar mico.
Etelvaldo Vieira de Melo
1 comentários:
Pois é. Se distrair dança.
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