PÉS DESCALÇOS


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Fátima Fonseca está lançando seu livro “Pés descalços: Infância na roça” pela Amazon, agora em formato digital. Através de poemas curtos, de mais pura poesia, a autora faz – assim mesmo, de pés descalços – uma visita aos tempos de infância na roça, com seus dias compridos, cheios de histórias e fantasias. Um livro primoroso, que indico vivamente. Através de suas páginas, ficamos sabendo como o ser humano desaprendeu de ser feliz, abrindo mão da simplicidade, das alegrias das pequenas coisas da vida.
Pedi a Fátima que indicasse um poema para ilustrar a publicidade do livro. Ela me respondeu: - Qualquer um, mas escolha um pequeno, que as pessoas hoje são preguiçosas.
Contrariando sua recomendação, escolhi dois dos maiores, que falam um pouco de sua visão do que é ser feliz.
O link de endereço está logo abaixo. O preço do livro também é baratinho como a própria felicidade: somente R$4,99.

A FELICIDADE ESTÁ NA SIMPLICIDADE
Quando eu morava numa casa velha, telhados com goteiras, quintal com árvores frutíferas, cacimba com águas brotando nos fundos e vários animais, sonhava com a cidade grande e desejava morar em um apartamento.
Quando eu tinha bonecas de pano, carinhas bordadas feitas pelas mãos de minha avó, sonhava com bonecas de louça com olhos de vidro.
Quando eu bebia água na bica com a concha de minhas mãos, achava “que bom seria tomar água em taças de cristal”.
Quando eu andava a cavalo e carro de boi, sonhava com os veículos motorizados, escadas rolantes e elevadores.
Quando eu tomava banhos em rios e cachoeiras, sonhava nadar em piscinas.
Perdi a conta dos “quandos”, acho-me perdida nesse tempo que vivi querendo partir, quando tudo era perfeito dentro das imperfeições do meu querer.
Hoje o cerrado não é mais o mesmo quando ouve os estalos dos meus passos ao regresso sobre as folhas secas.
A felicidade está na simplicidade, mas é em vão dizer isso: um dia a gente acaba por descobrir.


FELICIDADE
A menina acordava
com remela nos olhos,
cabelos espigados, vestes amarrotadas.

- Uai, menina, cê saiu de um borralho?
- Não! É que a felicidade é assim mesmo,
desalinhada,
moda derramada.

A menina era feliz,
acordava girassolada,
lá fora o dia a esperava
para ser poeira, vento, borboleta.
Correr como quem canta
até o poente cansar,
viver como se aquele dia
fosse tudo que tinha na vida.
Fátima Fonseca



4 comentários:

Adriana disse...

Lindo!!

Fátima Fonseca disse...

Amigo cronista, feliz e agradecida pelas palavras. Obrigada pelo incentivo.
Escrever agreste a menina. RS...

Fátima Fonseca disse...

Amigo cronista, feliz e agradecida pelas palavras. Obrigada pelo incentivo.
Escrever agreste a menina. RS...

Maria Solange Amado Ladeira disse...

Fátima, poeta maravilhosa. Ler seus versos é como tomar o café da tarde com pão de queijo mineiro ou andar descalça na enxurrada. Um prazer. Sempre.

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