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Juntamente com Ingenaldo, Cinisvaldo, Rivaldo, Fridolino Xexeo,
Loprefâncio Caparros, Percilina Predillecta, Genésia Solaris e Deusarina
Rebelada, está Eleutério preparando as malas para uma viagem internacional. Há cerca
de sete anos atrás, ele já havia experimentado aventura de tal fôlego,
conhecendo três países europeus. Agora, ele pretende conhecer outros dois.
A motivação principal desta viagem continua sendo a mesma: ele quer
passar por novas experiências, para poder relatá-las nas páginas deste blog.
Ele pensa que seus amigos Leutirinos merecem tudo de bom e do melhor. Por isso,
não mede sacrifícios, chegando a ‘raspar o tacho’ de suas reservas monetárias,
além de requerer um empréstimo consignado. Sabe que, durante anos, ficará com
uma mão (cacofonia, Vital?) à frente e outra atrás, até que suas finanças sejam
restauradas. Eleutério só torce para que valha a pena tamanho sacrifício. A
passagem que comprou é da classe econômica. Daí, ela veio com uma série de
restrições. A bagagem, por exemplo, tem que ter dimensões minúsculas, seu peso
não pode ultrapassar os ridículos 10 quilos. Eleutério tem ‘quebrado a cabeça’,
usando da criatividade brasileira, para dar uma de ‘João sem braço’ (de onde
veio isso?) e conseguir passar incólume pela vistoria.
Da outra vez em que viajou, não havia essa frescuragem toda, como
acontece agora. Não havia restrição de bagagem. Conclusão: ele viajou com tanta
mala (odisseia narrada em “Mala: Como Amá-la?”, de 12/01/2013), e elas
provocaram tantos transtornos, que ficou traumatizado, só se recuperando depois
de 25 seções de terapia com a sobrinha Dri. (Foi na narrativa dessa viagem que
apareceu, pela primeira vez para os anais da Psiquiatria, o termo “Malastrose”:
transtorno psíquico-somático decorrente de relação doentia com mala em
viagens.)
Se existe uma vantagem em sua viagem atual, é que Eleutério vai estar
leve, pelo menos no sentido físico da expressão. Como não poderá levar quase
nada, estará desimpedido de fazer o turismo de compras. Consequentemente, não
irá ostentar na testa aquela expressão facilmente captável pelos vendilhodogs,
raça especializada em farejar as diferentes categorias de turistas e seu
potencial de consumo: “Estou em estágio
de turista; portanto, atacado de bobeira”.
Agora, que ele está preocupado com seu voo em classe econômica, isso
ele está. Percilina Predillecta, sua dileta esposa, que também fará parte da
comitiva, está levantando a hipótese de que nem um lanchinho vagabundo será
oferecido durante as 10 horas de voo. Pelo que está vendo, Eleutério já
vislumbra a alternativa de ter que preparar alguma matula, visando engambelar o
estômago durante a viagem: uns pãezinhos recheados com queijo mozarela e fatias
de mortadela, mais um preparado de Q-Suco (que ele chama de “Q-Susto”).
Pior do que isso, é ficar imaginando esta situação surreal:
Como ele (cacofonia, de novo?) é frequentador de ônibus, acontece
muitas vezes de Eleutério ser surpreendido por pessoas vendendo balas e guloseimas
no interior dos lotações. O que falta agora é, em pleno voo, alguém se
apresentar, dizendo:
- Boa tarde. Meu nome é Elton e peço desculpas por incomodar vocês.
Como estou desempregando e, não querendo cair no mundo das drogas, esta foi a
maneira que encontrei para conseguir algum dinheiro para meu sustento e de
minha família.
- Estou vendendo paçoquinha, 50 centavos cada, três por 1 real; bala de
goma por 1 real; chicletes, bom para zumbido no ouvido, 1 real, três por 2 e
50; batata por 1 e 50; pele, de sabor bacon e churrasco, por 2 reais. Tenho
também água por 2 e 50. Muito obrigado pela atenção. Tenham uma boa viagem.
Fiquem com Deus.
Dirigindo-se a Eleutério, pergunta:
- E aí, patrão, vai uma bala jujuba?
Etelvaldo Vieira de Melo