Veja
você como a vida pode ser cruel: não foi só Neymar que viu frustrada a sua
pretensão de comemorar o réveillon com uma festa para 500 pessoas; eu também,
por causa da pandemia, fui impedido de me hospedar no Copacabana Palace e
assistir à tradicional queima de fogos de artifício na praia de Copacabana,
quando da virada de ano. O que tive mesmo de fazer foi ficar em casa,
assistindo à minha série coreana favorita do momento (Melodia de Esperança) na
Netflix, saboreando uma pizza comprada no Bem Hortifruty e degustando um
espumante espanhol, adquirido na Evino (o merchandising aqui é de graça,
promoção de ano novo).
Quando
os foguetes começaram a espocar (pipocar, diria melhor, embora nos tempos de
antigamente, o que eles faziam era estourar, afugentando cães vira-latas e
pessoas medrosas), dei uma pausa na TV e fui até a área da cozinha assistir à
queima de fogos pelos céus do bairro. Foi quando aprendi a primeira lição a ser
vivida no ano novo: quem não tem cão, caça com gato; isto é, quando você não
tem uma coisa, faz com outra. Quando a opinião publicada começou a cair de pau
em cima de Neymar por causa da badalada festa em sua mansão de Mangaratiba, o
que ele fez foi colocar o rabo entre as pernas e ir comemorar o réveillon em
seu apartamento de cobertura em Camboriú. Eu, impossibilitado de me hospedar no
Copacabana Palace, tive que me contentar em ficar olhando pros céus do bairro.
Percilina Predillecta e Thor estavam ao meu lado. Thor, tentando afugentar o medo, mastigava raivosamente um osso, enquanto Percilina cuidava de fotografar e filmar com seu
smartphone recém-adquirido a coreografia dos fogos se espalhando pelo céu.
Não
foram muitos os foguetes a espocarem, pipocarem, estourarem, mas julguei que
eles foram na dosagem justa para o que foi o ano de 2020. Também julguei que as
pessoas que se deram ao trabalho de soltar seus fogos foram honestas o
suficiente para não criarem expectativas utópicas para o Ano Novo. De qualquer
modo, foram foguetes que se espalharam pelo céu, anunciando uma esperança que,
embora debilitada, permanecia viva.
P.S.
Esqueci que estamos no Brasil: Neymar acabou dando a festa para seus “parças”
na sua mansão de Mangaratiba. Seu exemplo se soma ao do regridente do país, em
gesto de pouco caso para com uma epidemia que já matou entre nós mais de 200
mil pessoas. Péssimo exemplo, ainda mais se comparado ao de outro ídolo do
futebol, Cristiano Ronaldo, que, na mesma data, fazia uma discreta comemoração
em família no seu apartamento de Turim.
Depois
de ridicularizar os que criticavam a sua festa, dizendo que era tudo por
despeito e inveja, Neymar postou fotos dos preparativos. Falou: "Decoração
maravilhosa, jantarzinho de casa com distanciamento entre uma cadeira e outra e
não é para 500 pessoas, tá?", disse, aos risos. Na legenda do
vídeo, relatou: "Todos aqui para sermos felizes, depois de um longo e
difícil ano! Nós merecemos celebrar as nossas vidas! Momentos únicos vão ficar
eternos em nossa memória".
Enquanto
isso, de seu apartamento, Cristiano Ronaldo postava esta mensagem: "2020 não foi um ano fácil, não há dúvidas sobre
isso. Ninguém pode ficar indiferente à dor e ao sofrimento que a COVID-19
trouxe ao mundo. Mas agora é hora de se recuperar e mostrar que, juntos,
podemos fazer a diferença. Porque, por mais difícil que seja a queda, o que
realmente nos define é a forma como nos colocamos de pé e com que rapidez
estamos prontos para enfrentar novos obstáculos", completou. No texto,
Cristiano Ronaldo fala ainda em fazer de 2021 um "novo começo" e diz
acreditar que todos ainda podem se tornar as melhores versões de si mesmos.
"Feliz Ano Novo! E que 2021 seja um ano inesquecível pelos melhores
motivos!", afirmou.
É isso aí.
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