MÁGOA DO BLOGUEIRO (Paródia de "Mágoa de Boiadeiro")


 


Antigamente nem em sonho existia

Tanta tecnologia

Pra entrar em conexão

A gente usava telefone ou carta

Tudo com hora e data

Caso quisesse uma comunicação.

Mas hoje em dia tudo é muito diferente

O progresso trouxe pra gente

Um mundo de inovação

E, entre outros, eu me tornei blogueiro

Não querendo estar solteiro

Nem passar por estrangeiro

Nessa era de revolução.

 

Tenho saudade

 De tempo antigo

Com mocinha na janela

Acenando uma flor.

Aguardava o carteiro amigo

Trazendo notícias de seu amor.

Por tudo isso eu lamento e confesso

Que a marcha do progresso

É a minha grande dor.

 

Cada invenção

Que eu vejo ser lançada

Já me aperta o coração

E quando olho tanta coisa ultrapassada

De tristeza dou risada

Pra não chorar de paixão.

 

O meu cavalo de pau

Com o qual brinquei tantas aventuras

Agora jogado no quintal

Certamente também chora

Na mais triste solidão

O carrinho de madeira, a bolinha de gude,

O finco, a gaiola e o alçapão

Tudo morto e enterrado

Sem ter recuperação.

 

Nos tempos de escola com pouco dinheiro

A gente usava caderno brochurão

Borracha Faber Castel, caneta tinteiro

Lápis de cor John Faber e mata-borrão.

Mas hoje em dia tudo foi pro lixeiro

De modernos tablet, notebook ou computador

            Que tudo computa, menos a minha dor.

 

Hoje, por ser blogueiro,

Na mais pura ilusão

Achei que as pessoas iriam ouvir

A voz de meu coração

Que elas iriam sorrir

Com minhas falas carregadas de emoção.

 

Não sou poeta, sou apenas um poemeiro

E o tema que me inspira é a fibra de blogueiro

Quase chorando, debruçando nestas lavras

Rabisquei estas palavras

E saiu esta canção.

Canção que fala das noites mal dormidas

Em que fiquei frente a um computador

Buscando os termos certos

Pra falar da minha dor.

 

Dor de me sentir na mais pura agonia

Com as pessoas não querendo me ver

Preferindo YouTube, Facebook, Instagram, Twitter

WhatsApp, Tik Tok como companhia

Aumentando cada vez mais meu padecer.

E nem pense em chamar minha atenção

Dizendo que sou um manhoso

Pois nem tenho um berrante preguiçoso

Pra apagar as lágrimas... do meu coração. 

 

Ai, como dói!

Etelvaldo Vieira de Melo

 

3 comentários:

Anônimo disse...

Que sofrência! ☺️

Anônimo disse...

Excelente paródia! Parabéns, blogueiro.

Adriana disse...

Ah, Sr. blogueiro e hj foi vc quem esqueceu de sua leiturina fiel..rs.rs.

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