Tenho para mim mesmo que, no fundo, as
coisas são simples e fáceis de entender. Costumo dizer: - Tudo cabe dentro do
simples! Se não couber, é porque pode ser dispensado.
O problema é que as pessoas inventaram a
mania de complicar, revestindo o simples de complexidade, achando com isso que
suas palavras e seus juízos terão mais credibilidade. O resultado disso tudo é
que a maioria das manifestações grandiloquentes esconde... mediocridade.
O que estou dizendo pode ser ofensivo
para muitos, eles que sustentam suas teorias em arranjos artificiais e
rebuscados.
Tal consideração me ocorre agora, quando
tento compreender o momento político que atravessamos, tentando fazer uma
leitura do comportamento de seus principais atores. Vejo muitos se dizendo
indignados com a atitude do ex-juiz Sérgio Moro, quando este declara de público
seu apoio à reeleição de Jair Messias Bolsonaro, o Mito, o Imbrochável,
Imorrível, Incomível. Estarão tais pessoas se dando conta, finalmente, de que o
país está atolado em um quadro de corrupção sem precedentes, de proporções bem
maiores do que os propalados ‘Mensalão/Petrolão’ e o convenientemente esquecido
‘Anões do Orçamento’ (como é o caso do “Orçamento Secreto”)? As vestais
arrependidas e indignadas perguntam:
- Como o paladino do combate à corrupção
foi cair nas mãos dessa corja de bandidos que ocupa o Poder?
Mas eu pergunto: Moro e Dallagnol mudaram
ou as pessoas não enxergavam (ou não queriam enxergar) que eles eram sempre os
mesmos?
Roberto Jefferson, essa figura ímpar e
tenebrosa de nosso mundo político, disse certa vez que cabia ao PT e aos demais
partidos progressistas tão somente o papel de fiscalizadores do Executivo, de
oposição, mas que nunca deveriam ousar ser Poder.
Quando o PT quis ir mais alto, essa
atitude começou a incomodar nossa elite, que passou a resmungar por meio de
seus porta-vozes (uma parcela da classe média, aquela que ‘come mortadela e
arrota caviar’):
- É um absurdo o estado a que chegamos,
com os aeroportos parecendo rodoviárias!
- Veja só! O caseiro do meu sítio, além
de um carro, agora comprou uma moto! Que absurdo!
Tamanha indignação foi repetida, anos
depois, pelo atual ministro da Economia, Paulo Guedes:
- Chegamos ao descalabro de empregadas
domésticas irem passear na Disney e filhos de porteiros frequentarem
universidades!
Para acabar com tais excrecências, era
preciso tirar o PT do Poder. E, para que tudo voltasse à normalidade, criaram
uma tal Lava Jato (que eu chamei na ocasião Lava PaTo). A pretexto de combater
a corrupção, forjaram o clima para que a presidente, eleita por voto popular,
fosse destituída e o PT se tornasse um partido marginal. A imprensa no seu
todo, com a Rede Globo e seu indefectível Jornal Nacional à frente, aderiu toda
saltitante e feliz à empreitada.
Como desdobramento de tudo, tivemos a
eleição de Jair Bolsonaro e a eclosão da extrema-direita, com suas conotações fascistas.
No frigir dos ovos (que recomendo comer
pelo menos um, todos os dias), de maneira simples e singela, eu queria dizer
isso: Moro, Dallagnol e Bolsonaro são iguais, farinhas do mesmo saco. Poderia
dizer até mais: foi a Lava Jato que pariu Bolsonaro presidente e essa onda de violência
que vivemos, esse clima de mentiras que tomou conta do país (tudo filho da
máxima lavajatista de que ‘os fins justificam os meios’). Agora, Sérgio Moro,
qual mãe zelosa, está indo dar papinha pro seu filhinho do coração. Que coisa
mais linda!
Etelvaldo Vieira de
Melo
5 comentários:
Cara, vc não é bom. Você é ótimo. Sabe ferir o inimigo, sem tirar o sangue. Sua análise política é profunda. Não dá para discordar, mesmo o mais fanático bozzossista. parabéns, preciso de seus dois últimos textos, pois os perdi, tendo em vista uma pane em meu celular. Um grande abraço e amanhã, domingo, estarei na praça da Liberdade com o Lula.
Parabéns pelo texto!
Só acrescento que Moro, Dalagnhol e Bolsonaro, apenas abriram a porta pra essa gente cínica, que continua escrava do sistema corrupto e se pensa rica, e vota em monstros. Ricas de burrice na cabeça, pois a educação que a meritocracia🤢 dispõe a essa gente, não cultivou a inteligência, mas somente o intelecto, a memorização e suas habilidades 🤢. Isso produziu essa gente, dita culta, em mentes mecânicas e superficiais (decoreba)! Numa hipnose coletiva, destruíram o maior líder solidário da nossa história! Toda uma tragédia planejada, construíram outro país! Estamos vivendo em outro país, hoje se toca sertanejo sofrência como música brasileira! A revista Veja e a Globo em todos os consultórios médicos e dentários, foi um processo de desconstrução do país, pra virar essa coisa odienta🤢 e horripilante de direita! Moro e Globo só deram o retoque final nesse extremismo do capitalismo cruel e sangrento! Abraço!
Francis Bacon, filósofo inglês, sintetizou essa ideia em 1620:
“Uma vez que o entendimento de um homem se baseia em algo — seja porque é uma crença já aceita, ou porque o agrada — , isso atrai tudo à sua volta para apoiar e concordar com a opinião adotada. Mesmo que um número maior de evidências contrárias seja encontrado, ele as ignora ou desconsidera, ou faz distinções sutis para rejeitá-las, preservando a autoridade imparcial de suas primeiras concepções.”
Isso é conhecido como viés de confirmação.
As crenças são importantes para os seres humanos e o o cérebro faz de tudo para protegê-las.
Como citou A jornalista Beatriz Azevedo:
“Afinal, é a nossa leitura e entendimento de mundo que estão em jogo e quando alguém ameaça atacá-las (mesmo que seja com a realidade), nós tendemos a ficar na defensiva e queremos protegê-las. Trata-se, de um mecanismo evolutivo.”
Ou seja nosso cérebro detesta opiniões discordantes!!!😁😁😁😂😂
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