QUANDO O TEMPO É MAIS DO QUE UM CONTRATEMPO

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Imagem: osegredo.com.br
                      “Antes do início e depois do final, tudo é sempre o agora.” - T.S.Eliot -
Na vida, o Tempo é tudo. Há tempo em que o Tempo sobra, tem muito tempo; há outros em que ele é pouco, e há aquele em que ele não existe mais. Então, a vida também deixa de existir porque o Tempo passou.
Por causa de sua importância diante da fragilidade da vida, ele é o pano de fundo dos dramas e das tramas do existir. Assim, a Literatura fala de “Em Busca do Tempo Perdido”, do “Tempo e o Vento”; a Música lembra “a rosa que nasceu, todo mundo que sambou, o barco que partiu, o Tempo que passou na janela, mas a menina não viu”; o Cinema, já nos Tempos de antigamente, falava dos “Tempos Modernos”, enquanto a ficção científica desvenda medos e anseios do ser humano diante do mistério do Tempo que virá.
A Religião fala que existe o Tempo para plantar e o Tempo para colher; é ela a armadura com que muitos se revestem diante da ameaça do Tempo.
Pensando o Tempo, invariavelmente somos assaltados por terríveis questões:
            ∞ O Tempo passa ou somos nós que passamos diante do Tempo?
            ∞ O Tempo muda? Os Tempos são muitos?
            ∞ Quando da passagem de ano, damos adeus ao Ano Velho e fazemos votos de um Feliz Ano Novo. Está certo isto? O ano que ficou para trás não é ele mais novo do que o ano que nasce já mais velho?
            ∞ Quem diz que o Tempo é o Senhor da Razão? Não é o Tempo prova da irracionalidade e do provisório da vida?
            ∞ A representação de Deus, como um ser onisciente, onipresente e onipotente, não é ela uma descrição do Tempo? Quem, além do Tempo, se faz presente junto aos fatos que aconteceram, que acontecem e que haverão de vir?
Apresenta o Tempo diferentes aparências: ora, faz ares de inocência; ora, faz de conta que é indiferente; tem momentos em que enseja alegria e risos, em outros, ocasiona lágrimas e dores. No fundo, seu verdadeiro rosto é assustador e angustiante, quando é Tempo derradeiro.
O relógio e o calendário são invenções para marcar o Tempo. Sem eles, há o risco das pessoas se perderem no Tempo, o que seria muito desagradável, um verdadeiro contratempo, com a História – registro da ação humana ao longo do Tempo – sendo um novelo onde se perde o fio da meada.
O espelho também é uma maneira de marcar o Tempo. Alguém disse que ele também não deixa de ser uma punhalada.
Voltando a falar no relógio, quero adquirir um, daqueles de bolso e movidos à corda. Todo dia, pela manhã, eu irei dar corda a esse relógio. Será uma maneira de renovar meu compromisso com a vida e de ter o controle do Tempo, do Tempo do meu viver.

                                                                                            Etelvaldo Vieira de Melo

1 comentários:

mgracarios@gmail.com disse...

Amei o texto, Etelvaldo. Muito interessante o modo como você determina o tempo, fora do tempo. Li duas vezes, para aproveitar bem as ideias.

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