ISTO NÃO É UMA BOBAGEM

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Imagem: jornalggn.com.br
O ditado “a ocasião faz o ladrão” (ou o santo) tem respaldo no estudo científico que estabelece: 1% da população é constituído de pessoas naturalmente honestas; 1% de pessoas desonestas por natureza, enquanto que 98% são pessoas que agirão de acordo com as circunstâncias.
São vários os fatores que favorecem um comportamento desonesto: educação, mau exemplo e sistema econômico são alguns. No entanto, destaco aquele que me parece o principal: a (in)justiça social. Países europeus, (onde as pessoas têm um comportamento honesto) praticam, via de regra, a justiça social. Ali não existe disparidade de salários e todos têm acesso à educação e a um padrão de vida decente.
Já no Brasil, não existe justiça social; aqui, a desonestidade corre solta, notadamente na forma de corrupção.
Num quadro de injustiça social, todas as medidas que não ataquem de frente esse problema serão paliativas, remendos.
Tomemos como exemplo a questão da violência. Você acredita que ela possa ser erradicada tão somente com o aumento do aparato policial, com a construção de presídios ou com a permissão de que as pessoas se armem (como quer um truculento candidato à presidência)? O remédio verdadeiro para a violência se chama JUSTIÇA SOCAL.
Há mais de vinte e cinco séculos, um pensador, Platão, dizia que uma sociedade poderá viver em paz, harmonia e prosperidade se estiver fundada na Justiça. Para ele, Justiça é cada um ter e praticar o que lhe é de direito. A vida em sociedade seria como uma orquestra, onde cada um toca um instrumento apropriado. Se cada indivíduo tivesse e praticasse o que fosse de sua competência, o mundo seria... musical, seria como uma orquestra afinada e harmoniosa tocando uma bela melodia.
Olhando para a realidade brasileira, perguntamos: as pessoas que ocupam cargos políticos estão nos lugares certos? Os atuais magistrados não deveriam trocar de posição com outros? Lembro que a injustiça prospera onde as pessoas estão em lugares errados.
Agora mesmo assistimos a um grupo de juízes e procuradores se arvorando como paladinos da justiça. Esses falsos moralistas falam que estão no combate da corrupção. Gostaria de dar crédito ao seu palavreado, já que a corrupção é uma erva daninha que envenena a sociedade e é difícil de ser extirpada.
Quer saber por que não dou crédito às suas palavras?
- Porque pretendem combater a corrupção de forma corrupta, através do instituto da delação premiada. Ao final, o bandido é premiado: com a liberdade e ainda ganhando um bom dinheiro. Quer corrupção pior do que isso?
- Usam, suas excelências, da máxima de que “os fins justificam os meios”, o que é imoral, dando margem aos mais absurdos recursos, inclusive ao arrepio da lei. O que esperar de um país onde seus juízes pisam na Constituição, a lei maior?
- Caso pratiquem algum tipo de justiça (sem o ônus da prova, baseados mais em suposições), ela é sempre seletiva, preocupada em punir apenas uma parcela dos chamados corruptos, enquanto que outros, comprovados através de gravações, malas e até delações, são protegidos e inocentados.
- Os atos desses juízes e procuradores mostram, afinal, que não estão preocupados verdadeiramente em combater a corrupção, em resgatar a moralidade no país. O que eles querem é garantir o poder para aqueles políticos que nada conseguiriam através do voto popular; o que eles fazem é prestar serviço para o capital financeiro, os banqueiros, para empresas estrangeiras e oligopólios.
- Eles falam que todos devemos estar sujeitos à lei, mas parece que se esquecem disso ao aceitarem salários e auxílios contrários à própria lei.
Para combater a corrupção é preciso a prática da justiça social (cada cidadão tendo o que lhe é de direito) Para haver justiça social é necessário que todos tenham acesso a uma educação decente. Pelo que a gente vê e entende, tudo pode começar com uma reforma do sistema judiciário do país, para que a Justiça seja, de fato, a mesma para todos. O resto, sim, é que é bobagem.
Etelvaldo Vieira de Melo

1 comentários:

mgracarios@gmail.com disse...

Gostei demais do seu comentário, Etelvaldo. Você também está falando do Gato Escaldado, afinal.

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