SER OU NÃO SER HONESTO

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imagem: recantodasletras
Na minha ótica, assim como a Liberdade, a Honestidade, Autenticidade, é um dos principais valores da vida. Há muito abri mão, por exemplo, de ter sucesso, mas quase sempre busquei ser honesto. Uma vez ou outra pratiquei pequenas mentiras, quase sempre inocentes. Como daquela vez em que, estudando num colégio interno, o diretor perguntou quem sabia encerar um cômodo e eu, mais do que depressa, disse que sabia, pois julgava ser um grande negócio fazer aquilo. Infelizmente, eu estava redondamente enganado.
A Honestidade é um valor tão essencial que Jesus, o Cristo, implicava com os fariseus justamente por serem desonestos, hipócritas, “sepulcros caiados”. Ouso dizer que Jesus “jogou a toalha”, desistiu de implantar seu reino aqui depois que se deu conta de que os humanos não iriam abrir mão da desonestidade. Foi quando ele proferiu aquela frase dramática: “O meu reino não é deste mundo”. Como consolação, quis levar algum, dizendo: Pelo menos, “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. E arrematou: “Bem-aventurados os honestos, pois alcançarão o Reino dos Céus”.
É uma consolação saber que, continuando honesto, poderei desfrutar de uma vida eterna de bem-aventurança, junto de outras pessoas, todas naturalmente honestas (se no Céu existisse alguém um pouquinho desonesto que seja, ele iria subverter a ordem e criar o caos).
Quem quer ser honesto nesta vida está abrindo mão do sucesso (material), está sendo condenado ao fracasso (dentro da ótica capitalista). Se você é uma pessoa de sucesso e se sente incomodado com estas palavras, entenda que toda regra tem exceção e você pode ser uma exceção da regra que enunciei acima.
De minha parte, não tem jeito: abracei a honestidade e me aceito como fracassado, mas, por favor, não me pergunte se fracassei por ser honesto, ou se sou honesto porque fracassei, quer isso é uma pergunta desonesta.
Talvez você não tenha ainda feito este tipo de reflexão sobre a Honestidade e encontre certa dificuldade em se posicionar diante da questão de ser ou não ser honesto. Assim sendo, vou me alongar um pouco mais no tema, tentando facilitar sua compreensão.
Além da bem-aventurança na eternidade, o honesto tem um consolo nesta vida: o de poder colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquilo. Já o desonesto, num primeiro momento, só consegue dormir recorrendo a um ansiolítico.
- Epa! – refuta você, assustado: - Eu me tenho na conta de honesto e só consigo dormir à base de Rivotril.
- Calma, amigo! - digo eu: Eu não disse que todo aquele que toma ansiolítico seja desonesto. Como você, existem muitos nessa situação.
- Ainda bem, que fico aliviado – diz você, guardando o revólver (este diálogo se dá quando o porte de arma foi legalizado no país).
Retomando as considerações é preciso dizer que o desonesto contumaz, aquele que é viciado em ser desonesto, chega a considerar que a desonestidade seja algo natural, algo que faz parte da índole do ser humano, uma qualidade afinal, não um defeito. Chegam, os desonestos, a criar escolas de formação de desonestidade. Mestrado e doutorado podem ser feitos em repartições de banqueiros, magistrados e de políticos. Hoje, encontramos cursos também em muitas Igrejas Evangélicas, fato aparentemente contraditório e assustador.
Está claro que o desonesto, para ser bem-sucedido, precisa aparentar honestidade. Então, você pergunta: - Se todas as pessoas aparentam ser honestas, como identificar o desonesto?
Esta pergunta é boa, e a resposta não é tão simples assim. Tudo vai depender do grau de desonestidade do indivíduo em questão.
Considero que aquele que apresenta um grau de desonestidade que varia de 1% a 50%, faixa em que está a maioria da população, pode ser reconhecido pela sua mania de contar vantagem e de querer levar vantagem em tudo. Tal indivíduo é especialista em cometer pequenos deslizes: “furar” uma fila, fazer alguns “gatos” na rede elétrica, na hidráulica ou na TV por assinatura, dar uma sonegada no Imposto de Renda e por aí. Já aquele desonesto que está entre 60% e 80% de desonestidade apresenta alguns tiques nervosos: rir fora de propósito e balançar a cabeça enquanto fala (como aquele apresentador de jornal na TV que fica balançando a cabeça quando vai falar uma bruta mentira), ficar resmungando (como aquele juiz em audiência que fica falando “Humm... Humm...”). Agora, quem está contaminado com mais de 80% de desonestidade pode ser identificado pelo sorriso. O sorriso de um honesto pode ser, quando muito, irônico. Já o sorriso do autêntico desonesto não tem jeito, é aquele sorriso de deboche, de puro cinismo (como o daquele político tido como mineirinho).
Para fechar, uma boa notícia. É sabido que as pessoas têm auras a envolvê-las. “Cientistas” chineses estão, em fase de testes, produzindo óculos que conseguem não só captar a aura, mas o grau de honestidade de uma pessoa, através de cores. Já imaginou perceber o grau de honestidade de uma pessoa só pelo olhar? Caso não seja fake News, esse invento irá revolucionar o comércio e as relações sociais. Só espero que os óculos sejam vendidos a preços honestos.
Honestamente,
Etelvaldo Vieira de Melo

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