LAVA JATO & GABINETE DO ÓDIO

- Carlos... “Carluxo”. Posso chamar você de “Carluxo”?

- Dentro da máxima de que ‘chumbo trocado não dói’, só se você permitir chamá-lo de “Marreco de Londrina”.

- Melhor não. Esse apelido me magoa, que só você vendo.

- Então, senhor Sérgio Moro, vamos conversar sobre a sua Lava Jato e o meu Gabinete do Ódio, sabendo que o que dissermos aqui só será revelado daqui a 100 anos.

- Muito boa essa ideia de seu pai. Se eu tivesse feito o mesmo com a Lava Jato, teria evitado muito aborrecimento.

- Não sei como você poderia fazer uma coisa dessa.

- Podia, sim. Naquele tempo, estávamos com ‘a faca e o queijo nas mãos’. Qualquer coisa que fizéssemos seria aprovado pelo Supremo, pelo Congresso e pela Imprensa. Demos bobeira.

- Mas fizeram muito: o impeachment de Dilma, a prisão de Lula e a consequente eleição de papai.

- Quá! Isso foi ‘mamão com açúcar’. Nem precisamos provar nada. Só precisei alegar “fortes suposições”.

- Verdade, Serginho. Sua Lava Jato foi mesmo uma Lava PaTo, além de plantar a demonização da política, com meu pai aproveitando para aparecer como o novo, o antissistema.

- Embora ele estivesse atolado lá por mais de 30 anos. Mas o que o seu Gabinete do Ódio viu de mais interessante na nossa operação?

- Não vou mencionar o cuidado que vocês tiveram em ferrar o PT – isso todo mundo está cansado de saber. O que nos chamou mais atenção foi terem usado a ‘Delação Premiada’, com a máxima de que ‘os fins justificam os meios’. Com isso, abriram as portas para que a gente usasse de todo tipo de sacanagem e mentira para a eleição de papai.

- De fato, usamos e abusamos dessa máxima. Plantando mentiras todos os dias, vocês mostraram que aprenderam bem a lição.

- Dominamos tanto essa técnica que, hoje, já convencemos todo mundo que Lula é a favor do aborto, quando, na verdade, é meu pai que é a favor.

- Sim. Li em algum lugar que ele tentou forçar sua segunda esposa, Ana Cristina, a abortar o Nº 4, o Jair Renan. Suspeitava que não fosse filho seu. Só depois que fizeram exame de DNA é que assumiu a paternidade. Ah, se essa história chegasse aos ouvidos dos 'pentecostais' (*)!

- Sem problemas. Eles ouvem só o que lhes interessa. Mas, aqui entre nós, vocês da Lava Jato não jogaram para colocar o PSDB no Poder?

- De fato. Essa era a nossa intenção. No entanto, o Aécio ‘Mineirinho’ foi com muita ‘sede ao pote’: roubou tanto que não tivemos como defendê-lo. Mas logo depois surgiu o seu pai e pudemos ‘trocar seis por meia dúzia’. Deu até para dar uma mãozinha, com a delação do Palocci às vésperas do 1º Turno de 2018.

- Isso não foi de graça: prometemos para você o Ministério da Justiça.

- Quá! Eu estava de olho no Supremo.

- De qualquer modo, somos gratos a você e sua turma. Afinal de contas, a ideia de combater a corrupção sempre agrada aos trouxas.

- No frigir dos ovos, perdi o Ministério, mas ganhei um mandato de 8 anos no Senado.

- Nada mal. Se tiver um pouco de consideração, está na hora de acertarmos uma rachadinha...

- Carlos, Carlos, não seja ambicioso! Vocês têm, agora, tanto lugar onde roubar! Aquele ministro da Educação, por exemplo, deve ter dado para vocês algumas barras de ouro.

- Certo. Mas dinheiro nunca é demais. Principalmente dinheiro vivo. Todavia, não vamos sair do assunto inicial. Pergunto: o que chama sua atenção no ‘modus operandi’ da Gabinete do Ódio?

- Várias coisas. Mentir, por exemplo. Vocês aprenderam direitinho com Hitler, quando disse que uma mentira, de tanto ser repetida, acaba se tornando uma verdade.

- Não nos interessa tanto tornar uma mentira verdade. Ela precisa ser verdade até nosso gado a engolir e a oposição gastar seu tempo tentando refutá-la.

- Seu pai, o senhor Jair, mente tanto que já nem sabe quando está dizendo uma verdade.

- E além da mentira?

- Achei muito legal vocês envolverem a religião com a política. Deu certo em 1964 e está dando muito certo agora. Copiaram bem o lema fascista “Deus, pátria, família e liberdade”: “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”.

- Os religiosos, principalmente os pentecostais, têm uma mentalidade muito curta. É só falar na ameaça do comunismo, na liberação do aborto, para eles aderirem cegamente.

- Mas eu não entendo: ao mesmo tempo que fala isso para os 'cristãos', seu pai fala em armamento, fuzilar pessoas, comer carne de índio, “pintar clima” diante de garotas adolescentes, enquanto ridiculariza mulheres, negros e povos indígenas...

- Isso acontece porque os criadores das redes sociais, através de algoritmos, fizeram o favor de dividir os grupos em ‘bolhas’. Então, fica fácil: nossas mensagens são todas individualizadas, falamos para cada um o que ele quer ouvir.

- Já sei: pra um vocês falam em comunismo; pra outro, ideologia de gênero; para um terceiro, aborto; para o quarto, corrupção; um quinto, armamento; para as viúvas da Ditadura, acenam com um golpe; nas mãos de uns vocês deixam o ‘orçamento secreto’; nas de outros, transformam altos cargos em cabides de emprego, com direito a Viagra e próteses penianas; e, assim, vão atendendo a todos os gostos e desgostos.

- Afinal, quero concluir, o povo tem o governo que merece. Papai representa direitinho a maioria das pessoas, já que cada uma não deixa de ser, um pouquinho que seja, machista, racista, individualista, intolerante, truculenta, estúpida e até mesmo ingênua e de boa-fé. Modéstia à parte, meu pai é o suprassumo de tudo isso.

- É, pelo que estou vendo, ele tem tudo pra ser nosso ditador, igualzinho ao Maduro. Quá quá!

- Melhor, muito melhor. Igual a ele é impossível, pois só o nosso Mito tem a Marca dos Três Is: Incomível, Imorrível, Imbrochável.

PS: A bem da verdade, quando emprego o termo 'pentecostal', estou me referindo a um segmento de católicos e evangélicos. E também a um grupo que se diz católico ou evangélico, mas que não é nada disso.

Etelvaldo Vieira de Melo

2 comentários:

Anônimo disse...

https://youtu.be/FlBfTm0ys_g

Anônimo disse...

Delicioso

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